sexta-feira, 31 de dezembro de 2004

Findi ano aqui, lá e em qualquer lugar, você escolhe o caminho

2004 está acabando. Afinal, não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe.

Em um mês de coluna, vimos que as chances de se divertir nessa cidade são inesgotáveis. Mas, com o final do ano, surge a necessidade de uma pausa, de uma reciclagem. De ideais, de planos, de hábitos, da vida. Hora de faxina pra começar o novo ano com novo espírito.

Mas não sejamos ingênuos. A faxina nunca começa antes da comilança e da “beberança” típicas das ceias de final de ano.

Já que o pé na jaca é inevitável e já que essa é a única época do ano (ou pelo menos deveria ser!) em que nos permitimos tomar coca-cola com rabanada gelada no café da manhã, afundemos o pé de uma vez.

Porém, aproveitando que o segundo dia do ano cairá num final de semana, que tal começarmos logo a tal faxina? Hora de abrir todas as gavetas, sejam elas do armário, da mente ou do corpo e tirar de lá de dentro tudo o que está guardado e não tem uso, tudo que pesa, tudo que dói, tudo que está em excesso. Tudo mesmo.

Tire o dia para isso, olhe para dentro de si. Escolha um lugar sossegado. Vá para a floresta. Respire. Ouço o barulho do mato. Temos um oásis silencioso e verdejante dentro do caos urbano que virou nossa cidade cosmopolita – a Floresta da Tijuca.

Quando sair da Floresta, vá à praia, dê um mergulho no final da tarde, para lavar as mágoas do ano que se foi e abrir os poros e os caminhos para as coisas boas que vêm com o próximo ano.

À noite, escolha uma roupa bem bonita, clara, leve e saia para jantar. Ao invés de carne, coma salada. Vá a um restaurante japonês. Desintoxique-se. Mantenha o clima da floresta dentro de você. Deixe o barulho, o som pesado, a farra, o álcool para as outras noites do ano que está começando. Dê a você mesmo esse presente. Acalme-se. Desacelere.

Transforme o primeiro final de semana do ano na fórmula secreta e mágica para apreciar os próximos findis, que serão muitos e para todos os gostos. Estabeleça novos paralelos, abra novas portas. Dê-se alternativas. Existem muitos caminhos para o mesmo ponto de chegada. A maneira que você escolher para percorrê-los definirá o estado em que você alcançará seu destino.

Felicidade a todos. Feliz 2005.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2004

Nas ondas do rádio, nas ondas da Baía (da Guanabara, é claro!)

Este texto foi escrito especificamente para as pessoas que, no final da década de 80 e meados da de 90, já tinham autorização dos pais para mexer no aparelho de som sozinhas... Se você não faz parte dessa geração, volte já para a página principal!

Agora vamos ao segundo pré-requisito, se você, naquela época, elegeu a "Maldita" rádio Fluminense (94,9 FM) como sua estação favorita, vai entender bem do que trata o texto.
Peneirados os leitores? Separado o joio do trigo? Pronto! Agora imagine que ao receber a notícia de que a rádio estava fora do ar, no final de setembro de 1994 (mês 9 de 94, a freqüência da rádio ao contrário), você entrou em coma e só acordou agora. Qual seria a sua reação ao clicar no seu ponto do dial habitual?

Se você realmente esteve em coma ou congelado durante esse dez anos (!Meu Deus!), vai pensar que algum novo programa de computador limpou todo o "barulho" das guitarras nas canções. Por outro lado, se você se acostumou a mudar de estação a cada 15 minutos em busca de uma rádio de estimação, sem sucesso – chamo isso de "processo forçado de amadurecimento musical", passando a tolerar artistas antes considerados intoleráveis, o novíssimo perfil da rádio Fluminense, vai soar como música (de verdade) para os seus ouvidos maltratados.

Há algumas semanas, me encontrei num supermercado cantando alto (que mico) a música "ambiente". Quando me dei conta, a música era "Heart of Gold", do Neil Young. Peraí, Neil Young? Tocando num supermercado?

No dia seguinte, na van que me salvou de um atraso fenomenal, foi o Mick Jagger quem me fez companhia na Linha Amarela... Há dois dias, esbarrei com Robert Smith (The Cure), cantando "Boys don't cry", em versão acústica, numa loja de artigos de enxoval! Todos eles patrocinados pela rádio Fluminense.

Foi então que percebi que aqueles que não estiveram em coma nem congelados durante esses dez anos, assim como eu, também devem estar surpresos. Mas, graças a Deus, por razões um pouco diversas... Então, se você não tiver programa para o próximo final de semana, junte os amigos e celebre a retorno maduro e equilibrado dessa velha roqueira de volta ao combate.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2004

Findi no Rio

Enquanto os turistas levam chumbo na cidade em plena luz do dia, os notívagos cariocas estão muito bem (servidos), obrigado.

A noite de sábado na Lapa prometia. O show do Cidade Negra em homenagem ao Dia da Consciência Negra arrastou para os Arcos milhares de pessoas. Na Fundição, uma festa aumentava o furdunço nas redondezas. Na encolha, uma galera um pouco mais cabeça foi aos poucos entrando no Circo Voador para ver o show de relançamento dos dois primeiros discos do Pedro Luís & a Parede (mas que também incluiu músicas do último cd).

Embarquei na lona e a primeira surpresa foi a banda capixaba que abriu a noite. Dá para imaginar o DJ Reprazent desembarcando na África? Pois esse é o som da banda Na Palma – tambores africanos distribuídos na pista, no meio da galera dançando (diferente, não?) e, no palco, apenas o vocalista rasta-ragga e um dj, acompanhados de um laptop e um sintetizador mandando ver no jungle - música eletrônica da mais irada. Botaram o Circo Voador para dançar. Muito bom. O aquecimento perfeito para o que estava por vir. Pedro Luís não surpreendeu. Todos já esperavam um show perfeito.

A segunda surpresa da noite ficou por conta da sobremesa. De uma portinha embaixo do palco, sai nada menos do que o Monobloco para não deixar partir os que já davam por encerrada a noite. Até Paulinho Moska subiu ao palco para cantar "País tropical" com a banda. Nessa altura do campeonato, Pedro Luís já tinha abandonado o palco e se encontrava no meio do povo acompanhando o Monobloco que, além do batuque de primeira, ainda tirava onda passeando pela pista e pelo pátio do Circo.

Do ponto mais alto da arquibancada, observava a banda evoluindo pelo pátio e, quando virei para a pista, me dei conta do que estava acontecendo – as pessoas estavam de mãos dadas dançando a ciranda (como aquelas brincadeiras de roda da infância). Impagável!!!!

Naquela noite, circulavam pela Lapa flyers para um show do Marcelo D2 no MAM, no segundo final de semana de dezembro, anunciando a abertura do verão na cidade. Acho que ele está atrasado...

sexta-feira, 10 de dezembro de 2004

Olha a brincadeira na luz!!!

Você não precisa entender tudo de teatro para se surpreender com os efeitos especiais, não é?Ainda mais se, como eu, você entender quase nada das técnicas teatrais. Aí, qualquer efeito vira especial.

Imagine que você admira muito um determinado autor a ponto de sair de casa e abandonar um letárgico estado de preguiça, típica de um solitário sábado de calor. Daqueles sábados que só um dos seu autores favoritos seriam capazes de mover você.

Você sai esperando mais do de sempre e se surpreende. Se pega desatento do conteúdo da obra, e da falação – pra lá de cansativa – da personagem, e se distrai “brincando com a brincadeira” dos outros na luz e no som – se assusta com um Prodigy onde menos se espera.

É assim a peça Profissão âncora, de Domingos de Oliveira, que acaba de estrear na cidade, no Sesc de Copacabana. Que trilha sonora bacana. E, por falar em trilha, qual é o truque que a atriz do "quase-monólogo" (há uma breve interferência da voz do autor), Priscilla Rozenbaun, utiliza para cheirar as trilhas sem espirrar? E que pózinho branco é aquele que ela tanto aspira sem cair dura?

Por outro lado, há aquelas peças que você vai assistir por causa dos "efeitos" e das brincadeiras e se surpreende "saboreando" as palavras cuspidas, vomitadas e, por que não, recitadas também.

É o caso de Regurgitofagia, com Michel Melamed e dirigida por Marco Abujamra. À primeira vista, é o prazer mórbido de ver um camarada tomando choques a qualquer som emitido pela platéia que motiva muitos – como eu – a ver essa comédia prometida.

Acontece que, cinco minutos depois de iniciado o espetáculo, você já nem se preocupa mais em tentar rir baixo por pena do tal camarada e já está tão atento às coisas que ele está dizendo, tentando fazer os neurônios acompanharem todas as conexões semânticas ditadas em altíssima velocidade, que não se dá mais conta das luzes que se acendem e se apagam a cada descarga elétrica que o ator recebe – se é que recebe mesmo... Será? Será?

Essa peça está em cartaz no teatro Cândido Mendes e pode ser assistida por apenas R$ 5,00, na promoção Teatro para Todos.

Nem vou mencionar que nesse final de semana no Rio, tem festa de 15 anos do selo MidSummer Madness (no Odisséia, na sexta) e que o carnaval já dá o ar de sua graça com o lançamento da camiseta (com desenho de Fernando Pamplona) do Simpatia é Quase Amor (na Garcia D'Ávila), e com o baile de 15 anos das debutantes da Lapa, As Carmelitas (no Clube dos Democráticos). Nem que ainda terá show do NatiRuts (Fundição) e do Marcelo D2 (MAM). Tudo isso no sábado! Também terá apresentação da banda capixaba Mukeka di Rato (domingo, no bar R9).

Também não vou mencionar que tem feijoada na Mangueira (no sábado, à tarde); peça Ao pé da árvore, com Miguel Falabella e Stella Miranda, por R$ 0,50 (no teatro Carlos Gomes); tem Bridget Jones, Os Incríveis, Amizade sem limites e Contra todos (nos cinemas); e feira mística – Previsões 2005, com consultas de quiromancia, tarô, etc. (no mezanino do terminal 2 do aeroporto internacional Antônio Carlos Jobim).

Se mesmo com esse monte de coisas bacanas para fazer, você ainda estiver naquele "letárgico estado de preguiça, típica de um solitário sábado de calor", passe seu findi bem acompanhado, vasculhando um dos melhores sites disponíveis na web (sem exageros!): www.chicobuarque.com.br

Desligue a televisão!
(A menos que seja para acompanhar o Dia Cássia Eller, no Multishow!)