sexta-feira, 30 de dezembro de 2005

BYE BYE, 2005

Acabou mais um! Sobrevivemos a tantos shows (bons e ruins), programas maneiríssimos e outros tantos de índio. Só rindo mesmo. Olhar pra trás numa hora dessas serve apenas para dar muita risada. Levantar as mãos pro céu por não ter perdido tudo de bom que não perdemos e nos prometermos que no ano que vem nada vai nos deter, mesmo sabendo que, às vezes, a preguiça ou a falta de grana falam mais alto. Não importa!

O tempo está voando numa velocidade cada vez mais frenética. Cabe a nós somente aproveitá-lo da melhor maneira possível. Em casa ou na pista. Porque a qualquer momento ele pode acabar. Quem vai saber! E o que levaremos quando ele se esgotar? Os caraminguás que deixamos de gastar por um objetivo longínqüo? Vamos cair na real, nenhum objetivo é assim tão importante se para alcançá-lo tivermos que sacrificar momentos inesquecíveis que poderíamos ter passado com amigos, ou mesmo sozinhos, chances de conhecer alguém especial, oportunidades de cantar a pleno pulmão aquela música de que gostamos tanto ou de sermos bombardeados com novas idéias numa peça de teatro.

Sejamos francos, alguém ou algum bem material vale tudo isso? Se um SONHO se transforma em um cárcere, então, se parece mais com um pesadelo. Não nos deixemos levar pela ilusão da riqueza material, porque essa se extingue num piscar de olhos, num incêndio, num assalto, numa aplicação mal feita. Não deixemos que um sonho de consumo se transforme em um obstáculo para nossa FELICIDADE. Porque ela deve ser a nossa companhia e não o nosso destino. Vamos esvaziar nossos bolsos de pobreza e encher nossas mentes de moedas de EMOÇÃO, notas de BOM HUMOR, cheques de AMIZADE, ações de CORDIALIDADE, fundos de CAMARADAGEM. Vamos dar à felicidade uma CHANCE.

Um brinde a 2006 e à bela história que escreveremos nele.

PROGRAMAÇÃO:

• Para quem vai à praia de Copacabana na noite da virada, a pedida é o show de Fernanda Abreu, na altura da rua Constante Ramos, às 22h. De graça.
• A excelente violonista, cantora e percussionista Badi Assad se apresenta todas as quartas-feiras, até o final de janeiro, no Centro Cultural Carioca. R$ 15
• De 03 a 31 de janeiro, acontece o festival anual “Humaitá pra Peixe”, desta vez apenas no Espaço Cultural Sergio Porto. A grande atração de 2006 é a banda Cidadão Instigado (CE) que se apresentará no dia 18. R$ 15
• Estrela de primeira grandeza do samba brasileiro, Wilson das Neves continua no Rio e quem quiser vê-lo basta ir à Estrela da Lapa, às sextas-feiras. R$ 20
• O Museu de Arte Naïf apresenta a exposição “Uma força me leva a pintar”, com obras de Ermelinda de Almeida, inspiradas no folclore brasileiro, e “Navegar é preciso”, com obras do acervo do museu que destacam o uso da água. O Museu funciona de terça a sexta-feira, das 10h às 18h, e aos sábados, das 10h às 14h, na rua Cosme Velho, 561. R$ 8
Fotos vencedoras do Prêmio Esso de Fotografia estão expostas no Centro Cultural Justiça Federal. O melhor do fotojornalismo brasileiro nos últimos 45 anos podem ser vistos até 12 de março. De graça.
• Todo mundo lembra das ótimas exposições que reuniam às composições de vários ídolos da MPB, o talento de tantos artistas plásticos no Paço Imperial. Então, para o agrado geral ela está de volta. O homenageado da vez é Dorival Caymmi. 80 composições do baiano estarão expostas até 29 de janeiro. De graça.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

Noite feliz?

Nesta época, em que confundimos a simbologia do incenso, do ouro e da mirra com o consumismo desenfreado, é sempre bom lembrar que vários meninos nascem e morrem todos os dias em nossas cidades, em nosso país. E, ao contrário Daquele, não recebem visita nem presentes. Suas mães são tantas “Marias” anônimas espalhadas por aí.

Por isso, a coluna Nervo Óptico, especial de Natal, apresenta uma “pequena” amostra da reação que o provocativo menino NEGOLINDO causou em alguns de nossos leitores.

Para quem não lembra, NEGOLINDO é um moleque muito malandro, que ganhou vida nos muros da cidade graças ao talento do artista Felipe Motta, e que nos visitou na coluna "Negolindo, menino rei em todo o lugar" (de 03/10/2005). Vamos às cartinhas recebidas pelo Negolindo!!!
Coimbra, 27 de outubro de 2005.

Negolindo,

Não perca tempo em pensar na sua reação à maldade daqueles que só se satisfazem fazendo o mal. Pense que você é um receptáculo de espírito e santo. Não deixe que sua face luminosa se perca na escuridão do desespero.

Seja a luz que ilumina àqueles que estão no caminho da desesperança. Seja você mesmo: humano. Não se transforme em animal irracional, quando irado. É fácil falar sobre a miséria, quando não se conhece como você vive e sente, sua situação indigna de um ser humano. Estar no lugar do outro é uma troca, que poderia ser imaginada com amor. Mas, quem está de barriga cheia não pensa na fome dos outros. Por isso, amar é sofrer junto ao seu semelhante; é querer ajudá-lo na sua dor. Amar alguém que é desprezado é tentar salvá-lo do desespero, contra tudo e contra todos, numa sociedade injusta e materialista. Você é a própria fonte da juventude, que está dividida: uma em rica e a outra pobre. Pobreza não é defeito.

Negolindo, não espere que alguém faça alguma coisa por você. Você pode tudo. Lute para alcançar seus objetivos. Mostre à sociedade que você é capaz de fazer alguma coisa de útil, mesmo que ela não tenha feito nada por você.

Não se desespere. Siga pensando nos dons que Deus lhe deu. Você pode desenvolvê-los e apresentá-los à sociedade. Afinal, não foi isso que fez o jovem Jesus diante de uma sociedade injusta, de seu tempo? Ele não fez milagres! Não ensinou aos fariseus! Não cuidou do samaritano? Não deixe que os espíritos das trevas envolva e sugue o seu espírito cheio luz.Quem está com Deus não está sozinho.

Você como um ser humano divino poderá concretizar suas realizações. Não desanime. Mostre sua sabedoria. Mostre a sua energia positiva interior. Canalize sua força para a criatividade. Apresente seus dons a todos; mesmo aos que não acreditam em você. Saiba que você é lindo e capaz de construir seu próprio mundo, com os pedacinhos e as migalhas que os poderosos deixam cair no seu caminho. Não importa. Faça alguma coisa por você mesmo. Não espere pelos homens. Nem sempre eles têm alma.

Um abraço repleto de ternura,
Maria Cleyber


Maria tem 63 anos e é mestranda em Sociologia, na Universidade de Coimbra.




Lucas Oliveira tem 12 anos e estuda no Ginásio Público 326, passou para a 7ª série.


Agradecimentos mais do que especiais:
• Felipe Motta
• Maria Cleybe e Lucas Oliveira
• Fernanda Garrafiel

sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

OS MELHORES DO ANO

E é chegado o dia!
Hoje vamos saber os eleitos melhores do ano pelos leitores da coluna Findi no Rio. Os e-mails foram muito divertidos. Muito obrigada a todos que participaram, mas só cinco foram os sortudos que faturaram a melhor trilha sonora para o final de semana e até para as festas de fim de ano. São eles: Newton Lima, Leandro Acioly, Bianca Domingues, Sandro Fernandes e Marcio Simões.

Agora, vamos aos eleitos!










Dos eventos indicados pela coluna, os mais procurados foram
Os shows no Circo Voador e as dicas de cinema (O Senhor das Armas)

Os melhores eventos indicados pela coluna
-Shows da Nação Zumbi/ Orquestra Manguefônica/ Los Sebozos Postizos
-Pearl Jam
-“Como Chegamos Aqui”, de Marcelo Tas
-“Sonhos de Einstein”, da cia. Intrépida Trupe -Passeio de barco pela Baía de Guanabara

O pior evento recomendado pela coluna
-Claro que é Rock
-Lenny Kravitz
-“Os Negros”
- um voto para Fernanda Abreu (!).

Eventos lamentavelmente perdidos
-Pearl Jam (campeão de votos!)
-Nação Zumbi
-Moby
-“Regurgitofagia”, de Michel Melamed

Melhor cd nacional do ano
-Nação Zumbi “Futura” (campeão de votos!)
-Nando Reis e os Infernais “Ao Vivo”
-Cidadão Instigado “E o método túfo de experiências” (com 1 voto)
-Zeca Pagodinho “À VERA” (com 1 voto)

Melhor cd internacional do ano
-Beck “Guero”(campeão de votos!)
-Cold Play "X e Y"
-System of a Down "Mesmerize/ Hypnotize"
-Fantômas “Suspended Animation”

Melhor show de artista nacional do ano
-Orquestra Manguefônica (Circo Voador)
-Nando Reis e os Infernais (Canecão)
-Djavan (Fundição Progresso)
-Otto (Rival)
-Lafayette e os Tremendões (Teatro Odisséia)
-Rogério Skylab

Melhor show de artista estrangeiro do ano
-Pearl Jam (campeão de votos DE NOVO!)
-Asian Dub Foundation (Nokia Trends)
-Nine Inch Nails (Claro que é Rock)
-Fanfare Ciocarlia (PercPan Teatro Carlos Gomes)

Melhor filme do ano
-“O Senhor das Armas” (campeão de votos!)
-“Os Incríveis”
-“Jogos Mortais 2”
-“A Fantástica fábrica de chocolate”
-“Doutores da Alegria”
-“Edukators”
-“Eletrodoméstica”

A grande pedida para hoje é não perder os shows do Instituto e do Guru no Circo Voador.

O cinema Odeon também reapresenta os melhores do ano segundo seus assíduos freqüentadores. Veja a ótima programação em http://www.estacaovirtual.com/odeonbr/index.html .

Vejam mais!!!

PROGRAMAÇÃO:

Sexta-feira, 16/12
• Odeon reapresenta: "Nossa Música", de Jean-Luc Godard (18:40 h)
• Marcelinho da Lua convidou João Donato e Black Alien para subir com ele e sua banda ao palco do Rival e festejar dois anos de sucesso de seu disco “Tranqüilo”, às 21:30h. R$ 25
• O bom hip hop invade o Circo Voador: Guru, Mike Relm, Instituto e Turbo Trio (leia-se Bnegão + Instituto). R$ 30

Sábado, 17/12
• Odeon reapresenta: "Casa de Areia" (13:30h), "Sin City" (20:30h)
• O Rappa faz show em SãoGonça, no Clube Mauá. Só Deus sabe a hora que começa. R$ 15.

Domingo, 18/12
• Todo domingo, o Teatro Municipal abre suas portas para quem só pode pagar R$ 1 pela entrada. Os espetáculos começam às 11h.
• Odeon reapresenta: EDUKATORS (16:40h), "Nossa Música" (19h)
• O bloco Gigantes da Lira apresenta no Circo Voador, às 15h, uma versão circense para a história do Natal. A criançada vai se amarrar! R$ 10.

Terça-feira, 20/12
• Jards Macalé canta os produtos de sua parceria com Waly Salomão na Modern Sound. 19h. Grátis.

Comentários dos vencedores da promoção! Valeu, galera!

A coluna é muito interessante por ser um contraponto da mídia em geral onde as abordagens e citações são muito duvidosas, tendenciosas e interessadas (interesseiras). A coluna, por sinal muito bem redigida, mostra-se totalmente independente dos interesses das grandes corporações de mídia predominantes e preponderantes, dando espaço às novas manifestações culturais que borbulham no nosso Rio de Janeiro.”
(Marcio Simões)

hm....me explica por que açúcar deixa agitado e água com açúcar acalma?
(Newton Lima)

Dá-lhe, fogão!"
(Sandro Fernandes)

"Esta coluna é TDB!"
(Leandro Acioly)

"Vocês estão precisando de uma produtora de eventos?"
(Bianca Domingues)

sexta-feira, 9 de dezembro de 2005

Estão invadindo a praia

Foi-se o tempo em que, para ver um espécime de outro país no Rio de Janeiro, tínhamos que ir visitar as quitandas, botequins e padarias do subúrbio ou os pontos turísticos e a orla da zona sul da cidade. Hoje, além de haver muito mais estrangeiros “disponíveis” nos calçadões de Copa e Ipa, a cidade está vendo a invasão de uma sorte de gringos das mais variadas e surpreendentes nacionalidades.

Duvida? Ainda não tinha se dado conta? Coreanos e chineses já dominam o ramo de pastelarias e bazares 1,99 do SAARA e do subúrbio. Algumas dessas lojinhas, à primeira vista, parecem o mais legítimo mercado de pulgas nacional. Com um pouco mais de atenção, notam-se mercadorias, em sua maioria esmagadora “importada”, e no fundo do balcão – no caixa, para ser mais precisa –, um par de olhos puxados e vários fios de cabelo escorrido controlando tudo o que sai da loja e conferindo item por item do que as meninas brasileiras, normalmente faveladas, normalmente nordestinas, anotaram nos recibos. Será que desconfiam de algo? Mas não são eles os estrangeiros? Não devíamos ser nós os desconfiados?

E por aí vão, descobrindo e explorando nichos que o povo de casa não soube ou não pôde aproveitar. No trânsito, também começam a aparecer as primeiras vans dirigidas pela tribo amarela que mal consegue se comunicar com os passageiros, mas faz bom uso do dinheiro da passagem. Certamente, não vão gastar com cerveja no bar da esquina. Vão economizar para comprar outra van e, em pouco tempo, estarão com uma frota inteira, concorrendo com os maus prestadores de serviço nacionais.

Em cima dos morros, um povo ainda mais escuro que o nosso está aterrissando e botando banca. Medo de briga eles não têm. Vêm de um país de gente muito mais estourada que a nossa. Lá o bicho pega de verdade. Aqui, de vez em quando, vemos uma ou outra notícia nos jornais sobre angolanos presos na alfândega tentando levar ou trazer drogas de um país para outros. Eles já estão aqui, alguns “bem” instalados, com a vantagem de contar com a cordialidade de um dos povos mais solidários do mundo, o carioca.

E, tomando caldo nesse mar de migrantes nacionais e estrangeiros, a cidade vai sendo repartida e recosturada, para o (nosso) bem e para o mal. Diante da Babilônia em que estamos nos transformando, debaixo dos nossos próprios narizes, com muita vaselina para não machucar, parece bobagem reclamar dos empresários gringos (de Iggy Pop e Nine Inch Nails) que impuseram seus shows em detrimento dos shows nacionais, mais uma vez, contando com o mau serviço nacional prestado em fatídico e já citado festival de rock.

Vale dizer que a idéia aqui não é pregar a xenofobia. Turistas são muito bem-vindos (ainda que não tenhamos de fato condições de recebê-los), mas, convenhamos, a atitude submissa com a qual temos nos portado nestes 500 e tantos anos é inadmissível. Se não aprendermos a nos proteger agora, vai ser difícil, mais tarde, identificar quem veio para gerar divisas e quem veio perpetuar nosso estigma de colônia de exploração. Então, neste Natal, valorize o produto nacional. Se o consumo é inevitável, vamos lá!

Opções: artesanatos, marcas brasileiras (vendidas por brasileiros), obras de artistas e escritores brasileiros, já!

Dicas:
*Moda em Bazar – Peças (roupas e acessórios) exclusivas criadas por alunos e docentes dos cursos de moda do Senac Rio. 10 e 11 de dezembro, das 14h às 20h, no Centro de Tecnologia em Moda (R. João Lyra, 154 – Leblon)
*Feira Rio Antigo – edição extra: exposição ao ar livre de móveis antigos, cristais, objetos de arte, raridades, bijuterias (c/ a melhor barraca da cidade, comandada por Bianca e Jaqueline), antigüidades em geral e show do grupo de ritmos genuinamente brasileiros, o Bossa do Samba, às 14h. A feira acontece na Rua do Lavradio, sábado (10 dez.), das 10h às 20h.
*Bazar Noir – Feira de roupas, acessórios e arte de inspiração neogótica, com djs pra incrementar. No Casarão Cultural dos Arcos (R. Mem de Sá, 23). Domingo (11 dez.), das 16h às 22h. R$ 4.
* Mercado Odeon – Moda, CDs, DVDs, livros e cineminha. Cinelândia, sábado (10 dez.), a partir das 11h. *Mistureba – Moda: 30 marcas novas, DJs e shows. Teatro Odisséia. Domingo (18 dez.)
*Feira hippie de Ipanema – A melhor de todas! Todo os domingos na Praça General Osório.

PROGRAMAÇÃO
10/12 – Sábado
• Natiruts, com abertura da boa Canamaré, Fundição Progresso, R$ 30 (estudantes, idosos e demais portadores do direito à meia entrada ou com 1k de alimento ou flyer a ser entregue na hora do show pagam 1/2) + R$ 10 para levar o cd do Natiruts e + R$ 5 para levar o cd do Canamaré
• F.U.R.T.O. – Yuka e cia. se apresentam no Rival. R$ 25

11/12 – Domingo
• Último dia para ver Marcelo Tas no Centro Cultural da Telemar, com a excelente Como chegamos aqui - a história do Brasil segundo Ernesto Varella.

Dia 16/12, tem Turbo Trio, INSTITUTO e Guru, no Circo Voador. (Finalmente!!!!)

Nação News: Quem lamentou não ter visto o show da Nação Zumbi no tal festival vai ter uma compensação. A banda se apresentará no Circo Voador em janeiro e quem levar o ingresso do festival, ganhará brindes!
E continua a promoção!!! As primeiras (e surpreendentes) respostas já estão chegando. Não deixem de participar. AGORA É COM VOCÊS!!!

• Você já foi a algum dos eventos indicados pela coluna? Quais?
• Das dicas lidas na Findi no Rio, qual foi a melhor?
• E a pior?
• A qual gostaria de ter ido e não foi?
• Qual foi o melhor cd nacional lançado este ano?
• Qual foi o melhor cd internacional lançado este ano?
• Qual foi o melhor show de artista nacional do ano?
• Qual foi o melhor show de artista estrangeiro do ano?
• Qual foi o melhor filme que você viu no cinema este ano?
• Mande um comentário para registro na coluna!!!!

Arte com o povo

"É o povo na arte e é arte no povo e não o povo na arte de quem faz arte com o povo." (“Etnia”, Chico Science)

Ao longo desses primeiros meses de Café Literário e de Nervo Óptico, falamos de arte, de provocação e de comportamento. Nesta edição, vamos continuar falando disso, mas sob novo enfoque. Obviamente, nem tudo o que é provocação é arte, mas toda arte é provocativa. Então, vamos fingir que os nossos governantes, ao invés de política (e de sujeira), fazem "arte" e que o resultado dessa "arte", que tanto nos afeta, seja chamado de "provocação".

Vocês dão a tela, os pincéis e as tintas como quem diz: "Estou te dando carta branca". E eles saem pintando o sete por aí. O que você faz? Continua investindo neles? Qual seria a sua reação a essa "arte"?

Nosso jovem país teve poucos períodos de democracia. Pode não parecer, mas nosso povo, em poucos anos de exercício eleitoral, conseguiu mudar a cara do país e aprender várias lições. Vejam, começamos com Collor, mudamos para FHC (uma melhora e tanto!) e, quando resolvemos abandonar os Fernandos, colocamos um sindicalista na Presidência. Uma prova de ousadia, independente do desempenho deste ou daqueles governos.

Na contramão dessa evolução, está o povo do Rio, se afundando cada vez mais na demagogia eleitoreira e religiosa, em promessas impossíveis, em obras de fachada, em mega shows e eventos esportivos que tomam a verba da merenda escolar, em ônibus incendiados, em tiroteios à luz do dia ou do luar, na violência que nos encurrala mais e mais a cada dia, em hospitais superlotados...

Palmas para eles, senhoras e senhores, eles estão “fazendo arte” como poucos. Não são nossos artistas, são os nossos arteiros. Mestres na arte da provocação, do ilusionismo, da propaganda, da falácia... Até quando, senhoras e senhores, estaremos nós usando o nariz vermelho no centro do picadeiro? Oremos...


Leitura recomendada:
1968 – O ano que não terminou, de Zuenir Ventura

Fundo musical:
• “Até quando esperar” – Plebe Rude
• “Índios” – Legião Urbana
• “Etnia” – Chico Science & Nação Zumbi
A ilustração que melhora esta coluna é de Wilson Domingues. Thanx!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2005

Ainda estamos vivos!

Sábado à noite. A desconfiança causada pelo festival amador do final de semana anterior ainda era um fantasma a assombrar as expectativas para o encerramento da seqüência de shows que chegaram ao Brasil com uma década de atraso: Pearl Jam, no Sambódromo.

Alegria, emoção, catárse, gozo coletivo. Palavras para explicar o que aconteceu na Praça da Apoteose ontem à noite. Eddie Vedder, Mike MacReady, Stone Gossard, Jeff Ament e Matt Cameron (ex-Soundgarden) subiram ao palco com poucos minutos de atraso e encontraram uma multidão de 40 mil gigantes ainda aquecidos pelo grunge debochado de Mark Arm e seu Mudhoney. Como bem lembrou Vedder, “no lugar onde desfilam escolas de samba, hoje o Rock de Seattle vai desfilar”.

E ganhou “10, nota 10!”. Os senhores do grunge tinham a faca e o queijo na mão, partiram o queijo, se serviram e repartiram com a platéia. Como todo grande show deve ser. Como toda big band deve fazer. E o Pearl Jam no Brasil tem esse status.

“Last exit” deu a partida para uma série de clássicos que um a um eram acompanhados a plenos pulmões pelo público. Nenhum hit foi deixado de fora, entre eles “Do the evolution”, “Alive”, “Once”, “Jeremy”, “Corduroy”, “Dissident”, “Daughter” e “Animal”. Ramones (com “I believe in miracle”) e MC5 (com “Kick out the jams”) foram homenageados, este com a participação dos integrantes do Mudhoney.

Vedder foi o maestro que regeu a multidão de vagalumes e cigarras. Nos tempos modernos, os isqueiros dão lugar às luzes dos celulares nas músicas mais tranqüilas. “Better man” foi apenas um dos momentos em que o público roubou a cena, cantando metade da música para delírio do vocalista. Em “Black”, Vedder sentou-se à frente do palco para assistir à audiência. Depois, desceu para junto do público.

O show não teve um clímax, foi um clímax. O respeito da banda e, especialmente, de Vedder pelo público foi reconhecido. Seja falando português, se cobrindo com a bandeira, colocando-a sobre o peito ou declarando seu amor pelo Brasil e pelo Rio, a banda foi correspondida à altura. O público deu um show à parte, cantando junto, batendo palmas, marcando o ritmo das músicas com gestos, com coro ou pulando.

Ao subir ao palco, Vedder anunciou que aquele seria o último e o melhor show da turnê. A banda fez o esperado: um excelente show. O público foi a grande surpresa da noite. Prometeu voltar, com um mundo melhor sem Bush. Despediu-se, tocando The Who e desejando paz e amor. O Rio precisava disso. Ainda estamos vivos e de alma lavada.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2005

Quero meu dinheiro de volta!!!

A grande roubada do ano aconteceu no último final de semana. O festival Claro que é Rock levou 12 mil otários à Cidade do Rock. Entre eles, esta que vos escreve.

Um verdadeiro fiasco de 13 horas de duração, considerando o horário de abertura dos portões até o encerramento do último show.

Som baixo, comida e bebida a preços extorsivos, falta de respeito com o público e com os artistas são apenas algumas das características que determinaram o fracasso do festival.

Como sinal de protesto, publico abaixo trecho da carta enviada por um grupo de pessoas, no qual me incluo, à Comissão de Defesa do Consumidor (defesadoconsumidor@camara.rj.gov.br), pedindo a devolução do valor pago pelo ingresso. Quem foi e também se sentiu lesado pode fazer uso do texto para reivindicar também.

“...fomos aos postos de venda e compramos nossos ingressos por R$ 50 (os que possuíam carteira de estudante) e por R$ 100 (os que não a possuíam).
Chegando ao local do festival, constatamos que fomos vítimas de propaganda enganosa, pelos seguintes fatores:
• Várias pessoas vendiam ingressos por até R$ 5 na frente dos seguranças do festival, que nada faziam, ou seja, com o conhecimento dos representantes dos realizadores (no caso os agentes de segurança).

• O primeiro show começou com 2 horas e 47 minutos de atraso. Esse atraso, associado às posteriores mudanças de equipamentos de som, no intervalo das apresentações, e à passagem de som de cada artista a se apresentar (realizada na presença do público, algo atípico mesmo para eventos de pequeno porte), fizeram com que o último show terminasse após as 04:00h de segunda-feira. Isso fez com que muito dos fãs da última banda não ficassem até o final, devido ao adiantado da hora, ou que a maioria dos presentes não conseguisse assistir ao show em perfeitas condições devido ao cansaço. Acreditamos que todos estaríamos em perfeitas condições de assistir aos mesmos shows se tivessem ocorrido no horário anunciado.
• Pagamos pelo ingresso prevendo shows de 45min. de duração de Cachorro Grande; 55min., da Nação Zumbi e Good Charlotte, cada; 1h05min., de Fantomas e de Flaming Lips, cada; 1h20min. de Iggy Pop & the Stooges e de Sonic Youth, cada. No entanto, assistimos a shows que tiveram de 30 a 45 minutos das bandas Good Charlotte, Fantomas, Flaming Lips, Sonic Youth, com exceção do Nine Inch Nails que se apresentou em 1h15min (menos do que o previsto para um show de encerramento).
• É consenso que o mais triste foi o cancelamento, sem prévio aviso, do show da banda nacional mais aguardada do evento, a Nação Zumbi.”

Quem ainda quiser saber como o tal festival deveria ter sido, pode conferir a matéria publicada no site Omelete, que cobriu os shows de São Paulo, em:http://www.omelete.com.br/musica/artigos/base_para_artigos.asp?artigo=2942

Amadorismos como esse são os grandes responsáveis pelo receio de vários artistas estrangeiros de virem tocar no Brasil, particularmente, no Rio. É inadmissível que não tenha havido uma suspeita de que o equipamento de som, transportado de caminhão de São Paulo para o Rio, pudesse atrasar. Será que os organizadores do festival nunca ouviram falar em “Plano B”? Provavelmente sim, mas para que se preocupar? Se alguma coisa der errado, o que é que tem? O dinheiro dos ingressos já estava na conta, mesmo. O público que se lasque de esperar no sol, depois no sereno, na madrugada, na lama.

Agora vamos aproveitar para analisar o que move grandes empresas a promover eventos culturais. Propaganda. A necessidade de associar o nome da marca a atividades que criem identificação com esse ou aquele público. Se a intenção é chamar a atenção do consumidor, deixemos que nossa atenção seja capturada desta vez. Se vocês fossem comprar um telefone celular hoje, vocês comprariam um Claro? Eu não!!!!

PROGRAMAÇÃO
03/12 – Sábado
• Adriana Calcanhotto canta e toca com Kassin + Moreno + Domenico (leia-se Orquestra Imperial), no Circo Voador. R$ 30

04/12 – Domingo
• Pearl Jam, às 19:30h, Praça da Apoteose. R$ 120

10/12 – Sábado
• Natiruts, com abertura da boa Canamaré, Fundição Progresso, R$ 30 (estudantes, idosos e demais portadores do direito à meia entrada ou com 1k de alimento ou flyer a ser entregue na hora do show pagam 1/2). + R$ 10 para levar o cd do Natiruts e + R$ 5 para levar o cd do Canamaré

11/12 – Domingo
• Último dia para ver Marcelo Tas no Centro Cultural da Telemar, com a excelente Como chegamos aqui - a história do Brasil segundo Ernesto Varella.

Aguardem! Dia 16/12, tem Instituto no Circo Voador. (Finalmente!!!!)

E continua a promoção!!! As primeiras (e surpreendentes) respostas já estão chegando. Não deixem de participar. AGORA É COM VOCÊS!!!

Em comemoração pelo primeiro aniversário da Findi no Rio, os leitores que enviarem respostas para as perguntas abaixo concorrerão a cd com os sons dos artistas que freqüentaram a coluna durante esse primeiro ano de convívio! O sorteio acontecerá em meados de dezembro, para quem quiser conferir os últimos shows do ano e, só depois, enviar suas respostas.
• Você já foi a algum dos eventos indicados pela coluna? Quais?
• Das dicas lidas na Findi no Rio, qual foi a melhor?
• E a pior?• A qual gostaria de ter ido e não foi?
• Qual foi o melhor cd nacional lançado este ano?
• Qual foi o melhor cd internacional lançado este ano?
• Qual foi o melhor show de artista nacional do ano?
• Qual foi o melhor show de artista estrangeiro do ano?
• Qual foi o melhor filme que você viu no cinema este ano?
• Mande um comentário para registro na coluna!!!!
Email: sara.simoes@ibest.com.br