terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

Coincidências existem?


Em dezembro de 2002, eu namorava um rapaz muito mentiroso. Ainda bem! Aprendi muitos truques com ele. Não para dar continuidade à prática, mas para (tentar) me defender dela.

Outro benefício do desastrado relacionamento foram os fatos que resultaram das escapadas do rapaz. Naquele mês, precisamente na ocasião da confraternização da empresa em que ele trabalhava, da qual fui barrada, tive a brilhante idéia de não me permitir ficar em casa vendo tv.

Decidida a dar-me de presente uma noite de liberdade, me vi na bilheteria do teatro João Caetano. Acabara de comprar um ingresso para ver Gilberto Gil apresentar seu show “Kaya N’gan Daya” (cá para nós, um título bastante apropriado!). As cadeiras do teatro eram numeradas. E sempre que me vejo com um bilhete de cadeira numerada na mão, não consigo me furtar de imaginar as inúmeras possibilidades que aqueles números podem me trazer.

Naquela noite, me dei bem! Sentei ao lado de um homem muito bonito, inteligente e educado que me acompanhou pelo resto da noite, conversando e caminhando pelas ruas do centro até a Lapa. Mark Shreiber é um americano da Filadélfia, morador de Venice Beach (CA), que de lá para cá já veio várias vezes ao Brasil. Em suas passagens pelo Rio, esteve em minha casa, na de meus pais, adotou minha família e a mim como sua irmã brasileira.

Em sua última vinda ao Brasil, me trouxe um livro. “Soul Moments”*, de Phil Cousineau, tem histórias incríveis e verídicas que, juntas, pretendem endossar a Teoria da Sincronicidade, de Jung, e mostrar que coincidências não existem. E que, sejam quais forem seus significados, estar atento a elas é o que importa.

Cousineau reuniu contos e cartas de amigos do mundo todo, inclusive de um médico brasileiro, que descrevem experiências aparentemente corriqueiras e até ingênuas, mas que se pensarmos bem, são momentos pelos quais todos já passamos e, muitas vezes, não percebemos ou não demos a devida atenção por puro ceticismo. Perdemos, com essa atitude, a oportunidade de aproveitar sinais e de viver a magia de momentos que muitos chamam de crendice, de imaginação, de fantasia, até de delírio.

Algumas dessas histórias relatam fatos curiosos como o de um relógio que parou de trabalhar com a morte do seu dono e só voltou a funcionar no dia em que seu neto nasceu. Várias contam como pessoas que ficaram presas em engarrafamentos ou por problemas mecânicos escaparam de tragédias, furacões ou acidentes fatais. Outras descrevem a manifestação de entes queridos, mortos ou distantes, através de sonhos, animais de estimação, objetos achados repentinamente, carros de cores estranhas, com placas que se referem a algo em comum entre as pessoas envolvidas nos relatos, e até bolhas de sabão.

Alguém aí duvida da veracidade dessas histórias? Não é curioso que esse livro tenha chegado às minhas mãos por intermédio de uma amizade que nasceu de uma coincidência, de um drible do destino? Quem nunca experimentou uma coincidência que atire a primeira pedra...

* O livro “Soul Moments”, de Phil Cousineau, publicado pela Conari Press, não foi lançado no Brasil.
A ilustração que melhora esta coluna é de Wagner Mourão. Thank you, boy!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006

Perpetuação da espécie



Todo mundo sabe que a reprodução é uma capacidade dos seres vivos, estimulada pelo instinto e que tem como função a perpetuação da espécie no planeta. Certo? Pois estou começando a desconfiar que alguns músicos da “penúltima” safra do mpb/rock brazuca não estão entre os tais seres vivos.


Duvidam? Os orelhudos trabalham trabalham trabalham. Chegam a fazer mais de 8 shows por semana. Passam tempos sem ir pra casa. E, depois que atingem um grau de conforto (e cansaço) acima da média (alguns até já se permitem anos de férias), empregam a grana – que deve estar sobrando – em... Pensaram em música? Erraram! Em moda!?

Como assim? Esqueceram do perrengue que passaram no começo da carreira para arranjar onde tocar, gravar os primeiros trabalhos, conseguir uma gravadora decente bla bla bla... (Aquelas coisas das quais eles mesmos sempre reclamam nas entrevistas.)

Não seria mais lógico fazer como Dado Villa-Lobos, Pupilo ou os Titãs, que criaram seus selos – respectivamente, Rock it, Candeeiro e Banguela –, investindo em novos artistas e ajudando a renovar o cenário musical do país?
Vai entender...

ATENÇÃO:
• O Instituto Telemar está fechado esta semana para reformas pós-temporais. Sua reabertura está prevista para a próxima semana. Coisas boas para ver lá: as exposições Olhares do morro e Geração Eletrônica e a peça Não sou feliz, mas tenho marido. (http://www.institutotelemar.org.br/centrocultural/)
• Exposição Por dentro da mente de Leornardo da Vinci: Arte Sesc. Até 23/03. Grátis. (http://www.sescrj.com.br/main.asp)
• A peça Dinheiro Grátis saiu do Sesc-Copa e foi para o teatro do Planetário. R$ 5
• Estréia hoje, no Mezanino do Sesc-Copa, a peça Vamos fazer uma festa enquanto o dia não vem. Inspirada no livro "Pode ser que seja só o leiteiro lá fora", escrito pelo ótimo CAIO FERNANDO ABREU (R.I.P.) enquanto morava no porão de uma casa londrina. A montagem conta com a trilha sonora do DJ José Roberto Mahr e cenografia de Fabio Monteiro (produtor da festa X-Demente).
Programação
SEXTA, 03/02
• Parangolé Daspu: performances, desfiles, show do Jards Macalé. Pr. Tiradentes, às 18h. Grátis.
• Monobloco: Fundição Progresso, às 22h. R$ 40. (MÃOS AO ALTO!!!!!)
• Nando Reis: Circo Voador, 22h. R$ 40
SÁBADO, 04/02
• Feira Rio Antigo: R. do Lavradio. Das 10h às 18h. Grátis.
• 2º Grande Desfile Carnavalesco do Novo Rio Antigo: Rio Maracatu, Bloco Céu na Terra e Cordão do Bola Preta. 14h. Saída na Fundição.
• Bloco Quizomba, com Pedro Luis e Roberta Sá e DODÔ (o melhor dj q a Loud já teve!!!!!) nas pick ups: Circo Voador, 22h. R$ 16
SÁBADO, 11/02
• Barão Vermelho: Fundição Progresso. R$ 25 (antecipado)
DOMINGO, 12/02
• MERCADO MISTUREBA (feira): Teatro Odisséia, das 16h às 24h. Grátis.
SÁBADO, 18/02 • Rio Maracatu: Teatro Odisséia, 23h. R$ 20
SÁBADO, 25/02 • DDK KARNEVALSAUSGABE - Baile de Máscaras e Violators (cover-band do depeche Mode): Teatro Odisséia, 22h. R$ 18