quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Diário de bordo do Peru!

A chegada em Lima foi engraçada, os taxistas no aeroporto avançam sobre os turistas como urubus na carniça. Nunca vi coisa igual! Para chegar até o albergue, peguei o que chamam por aqui de urbanitos, que nada mais são do que vans caindo aos pedaços cheias de “gente marrom”... (Gente marrom, mas com cabelo liso... Ai, que inveja!)

A primeira impressão que dá de la ciudad é que passaram uma serra elétrica em torno do terceiro andar dos edifícios. Boa parte da cidade é baixa, com prédios que vão até o quinto andar, no máximo. Na avenida de acesso ao aeroporto, fui pensando: será que gastei grana para ver essa cidade empoeirada e feia? Aí, lembrei da Avenida Brasil e da Linha Vermelha e fiquei quieta... rs.

Chegando ao bairro do albergue, uhu!!! CHIQUÉRRIMOOOO!!!! Que alívio! Muitas flores e ruas limpas, criollos..., tipo zona sul carioca! Su nombre explica a empolgação: Miraflores. Eu não saí DA PENHA para ficar no subúrbio de Lima, não é?

Os peruanos (especialmente os mais humildes) abrem um largo sorriso quando descobrem que sou brasileira, perguntam logo sobre futebol. Andei por toda cidade durante dois dias, estive no mercado que pegou fogo na mesma noite da tragédia, mas saí bem antes. Tentei banhar-me nas águas congelantes do Pacífico em uma linda praia chamada Punta Hermosa, mas não houve condições.

O povo cultua o pollo (frango) por aqui. Come-se o pobre animal por toda parte! Por falar em comida, me deliciei com alguns pratos locais: cebiche (ou ceviche), broaster de pollo y papas fritas, bistek, ija de galina. Mas o grande lance aqui são as bebidas não-alcóolicas muito boas: chicha morada (suco feito de maíz, uma espécie de milho roxo dos Andes) e Inca Kola (um excelente refrigerante de abacaxi).

No dia 30, peguei um avião para Cuzco. A cidade é LINDA!!! Muitas flores, ruínas e prédios históricos. Sensacional! Há muitos cyber-cafés por aqui. Mas, em geral, os serviços de correio e telefonia são caros, por isso decidi não mandar cartão para ninguém, ok?

Fiquei animada para ver a passagem do ano. Andei pelas feiras livres e percebi que a cor predominante no réveillon da cidade será o amarelo. Então, comprei um saquinho de pétalas de flores dessa cor. Parece que a festa vai ser muito bonita!

Como não poderia deixar de ser, fui bater ponto no mercado municipal de Cuzco. E, além de chocolates em tamanhos e formatos surpreendentes (fálicos, inclusive) e lindas frutas, encontrei um brasileiro neto de japonês e uma inglesa que moram em Santa Tereza e estavam comprando ingredientes para uma feijoada que iriam fazer para uns franceses hospedados no mesmo hotel que eles... Coisas da globalização! Fiquei encantada também com as postas dos peixes vendidas por aqui, muito grandes e cheirosas, e com os pães gigantescos.

Os peruanos (principalmente os vendedores!) me chamam de amiga... Achei um hotel-monastério MARAVILHOSO que cobra 195 dólares a diária, e tem uma loja da H Stern dentro! Show de bola, mas “preferi” ficar num mais humilde!

O Rock and Roll rola direto por aqui (tô até pensando em ficar, para me livrar dos funks e dos pagodinhos...). Há dois canais de tvs exclusivos de videoclipes: a MTV e o M21. Na rua, Beatles, Cure, Garbage, entre outros, competem de igual para igual com a música dos Andes.

Minha cabeça está uma confusão só! Às vezes falo inglês, outras, português, em outras, me arrisco no espanhol e hoje me peguei dando bom dia para uma vendedora em italiano!!! (putz!)

Dos efeitos da pressão atmosférica, só sinto cansaço quando ando rápido ou ando e falo ao mesmo tempo, o que me faz andar muito devagar. Meu coração dispara com muita facilidade, mas, às vezes, não sei se é pelo cansaço ou pela beleza da cidade.

No dia 2 de janeiro, finalmente, saí de Cuzco rumo a Águas Calientes, estação mais próxima de Machu Picchu. A viagem custou cerca de 60 dólares. Como tinha ocorrido deslizamento de terra no dia anterior, havia dois ônibus conduzindo os turistas para o topo da montanha onde descansam as ruínas da cidade inca.

Um ia até o ponto do deslizamento, todos desciam e pegavam o que estava preso do outro lado. Valentona, resolvi ir a pé, o que me custou duas horas de subida e, como para descer todo santo ajuda, trinta minutos de descida correndo para escapar da chuva que começava a cair.

Antes que me perguntem: “Não, não senti nenhuma energia diferente em Machu Picchu”. Até porque, depois daquela subida, eu mal conseguia sentir as pernas... Mas o lugar é realmente incrível! Os incas provavelmente não eram mesmo deste planeta!

No mais, tô me divertindo muito. Bem, galera, espero sinceramente que a passagem de ano de vocês tenha sido tão feliz quanto a minha! Um grande abraço e até domingo quando estarei de volta à terra brasilis! Bjs a todos! Sara

P.S.: Vou sentir saudade de Cássia Eller!


Diário de Bordo escrito entre 31 de dezembro de 2001 e 4 de janeiro de 2002, em um cybercafe em Cuzco, Peru.