segunda-feira, 31 de janeiro de 2005

Estranho seria se eu não...

Quem ele pensa que é, esse tal de cinema americano? Pega o coração das pessoas, joga na parede e chama de lagartixa assim... sem mais nem menos... sem eira nem beira... sem pedir licença.
A cena inicial de "Perto demais" é um acinte! Aquela musiquinha mole, aquele homem todo naquela tela toda... Como a rigorosa censura yankee permitiu tal devassidão? Jude Law está indecoroso nesse filme. Devia ser preso e condenado (ou vice-versa) por atentado ao pudor. Além Dele, o filme conta também com a atuação precisa de Julia Roberts, Jude Law, a ninfeta Natalie Portman, Jude Law e Clive Owen. Sem contar, é claro, com o indispensável Jude Law. Ah! Já ia me esquecendo a trilha sonora premia os espectadores com Bebel Gilberto, Prodigy e The Smiths.

Brincadeiras à parte (quem não gosta de Jude Law), quem nunca traiu ou foi traído, nem ao menos teve dúvidas a respeito, está dispensado de assistir a esse filme. Os diálogos são intensos, porém leves, e inteligentes. O ritmo com que a história se desenlaça (ou, em determinados momentos, se enreda) cobre um período de tempo razoavelmente longo, mas, não fosse pelas referências verbais, nem se notaria o passar dos anos - o que dá um certo ar de improviso e confere dinâmica à história. Mas se o ator principal fosse outro, certamente seria possível dar maior atenção ao filme: confesso que alguns detalhes imperdíveis se perderam no meio do caminho...

De uma maneira geral, pode se dizer que o filme, que se passa em Londres (nem precisava!), ajuda a ver as várias verdades de uma história de traição e as criancices que o ciúme nos leva (a todos) a cometer quando mergulhamos fundo em uma relação - o curioso é encarar marmanjos na tela, mostrando para quem quiser ver a vulnerabilidade que a maioria de nós prefere deixar escondida. Como última observação sobre o filme, prestem atenção nos closes repentinos nos atores: algumas tomadas de câmera, às vezes, lembram cena de novela.

Além de "Perto demais", uma boa sugestão para os que preferem o ar fresco do cinema ao maçarico das ruas (ou ao aguaceiro dos finais de tarde) do Rio de Janeiro é "Meu tio matou um cara". Logo na abertura, já diz ao que veio: criatividade. A idéia de começar o filme como se fosse um game em 3D é daquelas que te fazem pensar, por que ninguém pensou nisso antes?

Porque precisava o Jorge Furtado abrir caminho a facão - como um bom gaúcho desbravador, tchê! - e mudar na marra a forma geométrica da triangular indústria cinematográfica brasileira, que privilegia Rio, São Paulo e Nordeste - este como se fosse um só estado brasileiro, ou seja, ainda por cima ignora as diferenças gritantes entre os diversos estados lá de riba.

O filme se passa em Porto Alegre, como "O homem que copiava" (do mesmo diretor) e também conta com Lázaro Ramos, espetacular no papel principal. Darlan Cunha está melhor no cinema do que na tv. A interpretação da atriz coadjuvante incomoda no começo, mas a trama é envolvente e acaba desviando a atenção para si. Diversão e risadas garantidas.

Outras boas promessas em cartaz no circuito carioca são: os franceses "Confidências muito íntimas", "Uma amizade sem fronteiras" (corram enquanto ainda há tempo!) e a reapresentação de "Bem me quer mal me quer", com Audrey Tautou (de "O fabuloso destino de Amelie Poulain"), o alemão "Edukators" e o americano (é difícil escapar deles... rs) "Sobre café e cigarros".

Em tempo!!!!! Agenda pré-carnavalesca:

•No sábado (29/01), a partir das 16h, o Rio Maracatu anima as ruas de Santa Tereza (saindo do Largo do Curvelo até o Largo dos Guimarães).
À noite, o encerramento oficial do Humaitá pra Peixe leva ao Circo Voador o show de Pedro Luís & Lenine (R$ 20,00).

•O mesmo Pedro Luís, comanda o Monobloco & convidados, todas as sextas-feiras, na Fundição Progresso - na última semana de janeiro, a convidada será Zélia Duncan (ingressos a R$ 24,00).

•Estamos nos aproximando do último domingo do mês, isso significa que os teatros mantidos pela prefeitura venderão ingressos a R$ 1,00. Aproveitem!
No domingo, às 16h, no teatro João Caetano, vale a pena conferir a apresentação do equivalente oriental do nosso maracatu (desculpem a blasfêmia!!!!), com o grupo de tambores folclóricos japoneses Kawasuji. R$ 15,00 (tel.: 2299-2142)

•Na segunda-feira, o cidadão do mundo Manu Chao toca fogo no Circo Voador e no show da banda francesa La Phaze, para recepcionar a caravana que chega do Fórum Social de Porto Alegre. Ele promete discotecar e até dar uma canja.

•Terça-feira tem duas boas pedidas: festa Miscelânea no Odeon com filmes e apresentações do Cordão do Bola Preta, Rio Maracatu e Bangalafumenga dentro e fora do cinema. Tudo de graça.

•E tem show surpresa no encerramento não-oficial do Humaitá pra Peixe, no Sérgio Porto. Dizem que a atração é especialíssima! É pagar pra ver!

•A partir de quarta-feira, o DJ Marky estará na Bunker, incendiando a festa Movement.

Aproveita, vai, desliga a televisão porque Big Brother não está com nada.