segunda-feira, 29 de agosto de 2005

Salve Jorge.

Tempo fresco e luz de outono mudando a paisagem da ainda ensolarada cidade babilônia.
E a coluna de hoje está curta e grossa. A dica principal é: passe seu final de semana com Jorge. Tem Jorge e suingue pra dar e vender na cidade. Seja no cinema ou no palco.

E por falar em Jorge no cinema, agora que o tempo passou, vale o protesto contra o jornaleco populesco que tentou trazer à tona historinha caindo de velha de uns moleques que reinvidicam crédito por músicas gravadas no disco Samba Esporte Fino, do cidadão do mundo e carioca de nascença, Seu Jorge. Recado giratório: o jornal é tão ruinzinho que ninguém ligou pra matéria publicada. Nem polêmica causou. Pros bebês chorões: estilo é que nem talento, que é que nem carisma – uns têm, outros não...

Gente que tem talento, carisma e estilo cria, copia, é copiado e se o resultado é bom, não chia, aprecia. Quem nunca se indagou sobre a semelhança entre as músicas “É só sambar” (Jorge Benjor, álbum "Samba Esquema Novo", de 1963) e “Esperando na Janela” (gravada por Gilberto Gil, em 2000, para a trilha sonora do filme "Eu, Tu, Eles"; composta por Targino Gondim, Manuca Almeida, Raimundo do Acordeom)?
Estrelas não brigam...

Jorge no cinema: "Casa de Areia" e "A Vida Marinha com Steve Zissou"
Jorge na ribalta: Claro Hall, dia 28 de maio, às 22h30. R$ 50,00 (Vixe...)

Sábado, 28 de maio
•Rola na garagem do IP://, na Lapa (Rua Joaquim Silva, 71 - http://www.midiatatica.org/ip/), o documetário "Surplus", de Erik Gandini + filme surpresa + música. "Surplus" é um documentário sobre a destruição do planeta e de nossas vidas graças ao consumo desvairado.
•Jorge Ben Jor mostra no Rio os clássicos e o show da turnê Reactivus amor est (turba philosophorum), apresentado em festivais europeus e turnês americanas com a Banda do Zé Pretinho versão 2005 (abuso explícito de guitarras e sintetizadores).

Terça, 31 de maio
•O Centro Cultural dos Correios inicia sua participação no evento FotoRio 2005, abrindo suas portas para quem quiser visitar a exposição com 150 fotos do mestre do fotojornalismo Henry Cartier Bresson, entre outros. GRÁTIS.

Quarta-feira, 01 de junho
•O som do SoulZé ainda pode ser apreciado no Teatro Rival. Mas por que só às quartas-feiras??? R$ 20,00

Sexta-feira, 03 de junho
•O Rappa encerra a turnê de O silêncio que precede o esporro, na Fundição Progresso. R$ 30,00

Sábado, 04 de junho
•Na Praça XI, em frente ao metrô, os shows de Nelson e os Gonçalves, Os Lammas, Don Negrone, Dj Gutz e outras atrações marcam a inauguração do picadeiro da ONG Pequeno Tigre como um espaço aberto para a arte independente pela Roda da Solidariedade, movimento formado por artistas e instituições atuantes na área sociocultural.

Domingo, 05 de junho
•Das 14h às 22h, o Espaço Marum (R. do Catete, 124) apresenta o Manifesto New School (www.manifestonewschool.kit.net) moda, música e arte via bazar, bandas, exposições, DJ, além de concurso de looks conceituais. Tema desta primeira edição: Dia dos Namorados.

Domingo, 10 de junho
MONOBLOCO e ELETROSAMBA na Fundição Progresso. R$ 40,00 (inteira), mas praticamente boa fatia da torcida do Flamengo tem direito a meia entrada. Veja no site: http://www.fundicao.org/programacao/programacao.html

Últimas dicas:
- Pífanos de Caruaru dá vontade de dançar quadrilha. Viva São João!
- Estréia este fim de semana nos cinemas cariocas o filme "Quanto vale ou é por quilo?" Quem viu o trailler já percebeu que é o mais novo soco no estômago made in Brazil.
- Selo Instituto: IMPERDÍVEL... (http://www2.uol.com.br/instituto/)

terça-feira, 23 de agosto de 2005

Tá difícil de acompanhar

Cachorro Grande, Franz Ferdinand, Mombojó, Bloc Party, Retrofoguetes, Mars Volta, The Kills, Kaiser Chiefs, Cansei de ser Sexy, The Rakes, F.U.R.T.O.…

Quando se é adolescente e pode-se desfrutar de bastante espaço livre na memória encefálica, toda novidade que vier é lucro. Mas “o tempo passa, o tempo voa” e a vida vai ficando cada vez mais rápida. Os momentos “íntimos” que tínhamos com nossos artistas favoritos, aqueles em que ouvíamos os cds recém-lançados, acompanhando as letras pelos encartes, acabaram. Saber o nome de cada integrante da banda é privilégio somente para os artistas guardados do lado esquerdo do peito. Mesmo assim, o olhar de desdém, direcionado àqueles que sabem detalhes dispensáveis como idade do baterista, dia do aniversário do baixista ou a frase estampada na camisa do vocalista no show de três semanas atrás, é inevitável.

Num mundo de contas a pagar, pontos a bater, relógios a despertar e currículos para entregar não há mais lugar para detalhes sórdidos. O máximo que se consegue é ouvir o último lançamento 3 ou 4 meses (em alguns casos, anos) depois de chegar às lojas mais populares, mesmo assim, durante a faxina de sábado, ou com o fone de ouvido, dividindo a atenção com o ofício que vai pagar a conta do tal CD quando fechar a fatura do cartão de crédito no começo do mês seguinte.

Quando eu era adolescente e podia desfrutar de espaço e de tempo livres para alimentar a memória com o que eu mais gosto no mundo – música –, não tinha muito dinheiro para comprar os cds que queria, mas podia assistir aos shows por preços baratinhos e sem um juiz de menores para me tirar de lá de dentro. Era fácil, bastava ir para a escola a pé (na época, estudantes não tinham gratuidade em ônibus e nem por isso deixávamos de ir à escola!) ou sacrificar a cantina. Hoje, mesmo trabalhando, não sobram espaço, tempo e muito menos grana para fazer o que eu sonhava na adolescência: comprar todos os discos bacanas, ir a todos os shows maneiros. Não dá para ir trabalhar a pé. Os discos são caríssimos. Os ingressos dos shows estão pela hora da morte.

Foi-se o tempo em que festivais de cigarros traziam os destaques internacionais e o público carioca podia tirar onda por pagar um ingresso e levar dois. Foi-se o tempo em que as casas com ar condicionado tinham peito de trazer artistas de peso como Ramones, Body Count ou Beastie Boys.
Foi-se o tempo em que achávamos os melhores discos, das melhores bandas, pelos melhores preços nos ambulantes da 13 de maio/ Pedro Lessa.

Hoje, tudo está estilizado, padronizado, globalizado. Por toda parte, os cds e os shows são caros e pouco ameaçadores. Quem se recusou a aderir à massificação dos gostos e do consumo está perdido no meio de tanta pompa e “novidade”. Sem entender o motivo para se chamar tantas bandas de “novas” e tanta sofisticação (leia-se preços altos) da indústria que empurra artistas em atacado dia após dia na tela da sua (M)TV.

Desligo a TV, atordoada. Em busca de novidades realmente novas, compro uma revista que vem com um cd. Dentro dela, entre uma discussão e outra, lê-se que o público é preguiçoso e não busca ou incentiva os “novos” artistas. Esse público sou eu! Fecho a revista. Levanto e vou ouvir Jimi Hendrix. Quem precisa desses “novos” artistas?


TERÇA-FEIRA, 23/08
• Os gaúchos THE DARMA LOVERS voltam ao Rio para um show na Casa da Gávea, às 21:30h, por R$ 15.

SEXTA-FEIRA, 26/08
• Hip hop, no Circo Voador.
• CLUB LONDON BURNING, a melhor discotecagem de Rock da cidade nas mãos do DJ Wilson Power. R$ 5 até meia-noite.
• PLANO B, apresenta: ROB CHESTER (ex-Guana Batz, ex-Ulcers, ex-Chester, ex-etc.), com um som pop-punk-chaos solo show, direto de Londres, a partir das 19h. Cervejinhas R$1,99. Entrada franca. (R. Francisco Muratori 2a, Lapa /esquina com R. do Riachuelo) tel.: (21) 3852-1431
• Toda sexta, no Pátio Lounge (Pç. Santos Dummond 31), festa house e techno, HOTEL CALIFORNIA, a partir das 23h. Mulheres pagam R$ 15 e homens R$ 25.

SÁBADO, 27/08
• Festival CIRCULANDO – Circo Voador cede o palco aos ainda fora do circuitão: Dead Fish (ES), Cachorro Grande (RS), Luxúria (SP) e Os Outros (RJ). R$ 24.

16/09 PATO FU!!!!!!!!!! (no Circo Voador)
17/09 MOBY (no Rio Centro) – ingressos à venda na Fnac e alguns postos Ipiranga (ver em: http://www.ticketmaster.com.br/shwReleaseDetail.cfm?releaseID=440) O mais barato sai a R$ 100, mas são aceitas carteiras de estudante.


NANETE:
• O que há de novo no Rock brasileiro? Veja na matéria da MTV sobre os festivais de som indie que rolam no nordeste: http://www2.mtv.terra.com.br/clube/colunas_n/colunas.gen2.php?txtid=765&x=mtvcolunas

• Graffiti e sofisticação andam de mãos dadas quando se fala nos traços de Speto. Arte gráfica de primeiríssima qualidade. Vejam com seus próprios olhos a inteligência e a variedade das obras desse artista de São Paulo.
http://www.speto.com.br

• Já está disponível na íntegra, na Rádio Terra o novo cd do F.U.R.T.O.
http://200.154.150.26/ (endereço clandestino!)

• Marcelo D2 também liberou todos os seus discos pra quem quiser ouvir.
http://www2.uol.com.br/marcelod2/

segunda-feira, 8 de agosto de 2005

“Devo estar diminuindo de novo”

Com a proximidade do Dia dos Pais, acho justo prestar uma homenagem àqueles que são presentes, que orientam e educam. Aos orgulhosos e aos zelosos. Acho justo também puxar a orelha dos que não são nada disso e que, muitas vezes, nem sabem o que a paternidade significa de verdade.

Para tanto, busco um texto marcante, provocante e, principalmente, edificante. Para Maria da Graça, é mais do que uma crônica, é um manual do desabrochar, um manual de sobrevivência na selva dos adultos. Um texto de pai para filha. Do pai que todos querem ter, para a filha que todos somos, homens ou mulheres, maduros ou imaturos. Mesmo sabendo que Paulo Mendes Campos, o autor, não tinha uma filha com esse nome, sinto-me adotada por ele toda vez que o leio.

O texto começa dizendo a que veio: apresentar a uma jovem, que chega aos seus quinze anos, o livro Alice no país das maravilhas. E cumpre sua função, utilizando as aventuras de Alice como metáforas para a vida de perigos e dores que se aproxima.

“Estou tão cansada de estar aqui sozinha!”

Quantas vezes durante a vida adulta repetimos as palavras de Alice no fundo do poço? Mesmo cercados de gente. Sobre essa sensação de abandono, o autor sentencia: “A sozinhez (esquece essa palavra que inventei agora sem querer) é inevitável.” Implacável e verdadeiro. Nascemos sós. Morremos sós. E a única mão amiga com a qual devemos contar é a que está no final de nosso próprio braço. Se outras aparecerem, é lucro! Mas há esperanças: Alice consegue sair, abrindo a porta do poço. E poço tem porta? “Só as criaturas humanas (nem mesmo os grandes macacos e os cães amestrados) conseguem abrir uma porta bem fechada ou vice-versa, isto é, fechar uma porta bem aberta.”

“Viver é falar de corda em casa de enforcado”

Na época em que foi publicado, 1979, a chegada aos quinze anos de idade para as meninas de classe média ainda era um ritual de passagem da infância para a vida adulta. E, a todo o tempo, o tom de conselho adotado pelo autor parece nos lembrar que se a cegueira, que faz da infância uma época feliz e irresponsável, nos toma de assalto várias vezes durante a vida adulta, é o amadurecimento que nos traz de volta a luz. É quando a ficha cai que nos damos conta de nossa inocência, não importa se temos 15, 30 ou 55 anos.

“Se tiveres de ir a algum lugar, não te preocupe a vaidade fatigante de ser a primeira a chegar. Se chegares sempre onde quiseres, ganhaste.”

O texto nos diz mais. Ensina que não se deve competir à toa porque mesmo ganhando, às vezes perdemos. Ensina que não precisamos tolerar pessoas intoleráveis; que camundongos devem ser vistos como camundongos, rinocerontes, como rinocerontes e hipopótamos, como hipopótamos, mas que a confusão entre eles, apesar de absurda, é mais comum do que se pensa. E, acima de tudo, ensina a rir, em doses pequenas, médias e grandes das nossas dores e das nossas vaidades, dos triunfos e dos fracassos. Primeiro, porque a própria dor deve ter a sua medida. Segundo, porque mesmo que estejamos diminuindo, sempre haverá um cogumelo que nos fará crescer novamente.
............................Aos meus pais.


O texto Para Maria da Graça, de Paulo Mendes Campos, foi publicado no livro de crônicas “Para gostar de ler”, vol. 4, página 73, da Editora Ática, em 1979. E está disponível no site: http://www.geocities.com/rcultural/cronicas/Campos/paramaria.html

Para saber mais sobre o autor, sugerimos o endereço: http://www.releituras.com/pmcampos_bio.asp

A ilustração que melhora esta coluna é de Fábio Reaper Quaresma.

sexta-feira, 5 de agosto de 2005

Falando com mortos

Se você pudesse escolher uma grande personalidade da história da humanidade para encontrar e jogar conversa fora (ou dentro, dependendo do nível do bate-papo). Quem seria?

Já pensou poder trocar uma idéia com EINSTEIN?

Que centro espírita, que nada! Fala-se muito por aí nos SESCs de São Paulo, mas o grupo do Rio (http://www.sescrj.com.br/) está tocando fogo no subúrbio e adjacências da cidade.

Um exemplo disso é o espetáculo Einstein, do canadense Gabriel Emanuel, que será apresentado gratuitamente na Fundação Teatro Municipal Trianon - dia 10 de agosto. A peça, um monólogo interpretado pelo ator Carlos Palma (encarnando o físico Albert Einstein), faz parte do projeto Arte Ciência no Palco, uma realização do SESC Rio e da Caixa Econômica Federal. Em tom intimista, o personagem conversa com o público, e por meio de reflexões, fala com bom humor do seu relacionamento familiar, suas teorias, a relação do poder e ciência, guerra, ética e por aí vai...

Outra opção oferecida pelo SESC Rio: o romance "Lavoura Arcaica", de Raduan Nassar, é o ponto de partida para o espetáculo Asas Partidas que trata da questão da opressão à mulher e junta sons e danças folclóricas árabes. O elenco formado pela bailarina Ana Andréa, pelo ator Ney Motta e pelo violinista André Cunha percorre o CIRCUITO SESC DE DANÇA (São João de Meriti, 10/08, 20h; Ramos, 17/08, 19h; e Nova Iguaçu, 18/08, 19h). R$ 4 (comerciários, estudantes e idosos) e R$ 8. Classificação livre.
Mais atrações interessantes da programação estão espalhadas pela coluna de hoje. Aproveitem!


SEXTA-FEIRA, 05/08
• Os Titãs entram no picadeiro do Circo Voador. R$30 Inteiro R$15 Estudantes
• Michel Melamed leva seu divertido, surpreendente e emocionante monólogo REGURGITOFAGIA ao Sesc Nova Iguaçu, às 20h, ao Sesc Engenho de Dentro (19/8, às 20h) e ao Sesc Madureira (28/08, às18h). - R$ 8 (comerciários) e R$ 4.


SÁBADO, 06/08
• Pedro Paulo Rangel atravessa a Baía com sua SOPPA DE LETRAS e aporta no Sesc São Gonçalo, às 21h. - R$ 4 (comerciários, estudantes e idosos) e R$ 8.

QUARTA-FEIRA, 10/08
• O monólogo Einstein será apresentado no Sesc de Ramos, às 19h. Grátis.

SEXTA-FEIRA, 12/08
• Estréia na Fundição Progresso o espetáculo O MÁGICO DE nÓZ , da Companhia Livre de Teatro De quinta a domingo às 20h. R$ 20,00

SÁBADO, 13/08
• Pedro Luis & Lenine, Sesc Ramos, 20h. - R$ 4 (comerciários, estudantes e idosos) e R$ 8.


DOMINGO, 14/08

De 15 a 21 de agosto, a Fundição Progresso promoverá o FESTIVAL INTERNACIONAL DA ARTE CAPOEIRA, com direito a Congresso Internacional, pré-estréia do filme "Mestre Bimba - a capoeira iluminada", V Jogos Mundiais de Capoeira e Festival Folclórico no Odeon, Aulão com 7 mil capoeiristas e festa de encerramento no dia 21/08, no Posto 6 da Praia de Copacabana. Informações no site da Fundição.

NANETE:
- Admirável mundo novo