sexta-feira, 30 de dezembro de 2005

BYE BYE, 2005

Acabou mais um! Sobrevivemos a tantos shows (bons e ruins), programas maneiríssimos e outros tantos de índio. Só rindo mesmo. Olhar pra trás numa hora dessas serve apenas para dar muita risada. Levantar as mãos pro céu por não ter perdido tudo de bom que não perdemos e nos prometermos que no ano que vem nada vai nos deter, mesmo sabendo que, às vezes, a preguiça ou a falta de grana falam mais alto. Não importa!

O tempo está voando numa velocidade cada vez mais frenética. Cabe a nós somente aproveitá-lo da melhor maneira possível. Em casa ou na pista. Porque a qualquer momento ele pode acabar. Quem vai saber! E o que levaremos quando ele se esgotar? Os caraminguás que deixamos de gastar por um objetivo longínqüo? Vamos cair na real, nenhum objetivo é assim tão importante se para alcançá-lo tivermos que sacrificar momentos inesquecíveis que poderíamos ter passado com amigos, ou mesmo sozinhos, chances de conhecer alguém especial, oportunidades de cantar a pleno pulmão aquela música de que gostamos tanto ou de sermos bombardeados com novas idéias numa peça de teatro.

Sejamos francos, alguém ou algum bem material vale tudo isso? Se um SONHO se transforma em um cárcere, então, se parece mais com um pesadelo. Não nos deixemos levar pela ilusão da riqueza material, porque essa se extingue num piscar de olhos, num incêndio, num assalto, numa aplicação mal feita. Não deixemos que um sonho de consumo se transforme em um obstáculo para nossa FELICIDADE. Porque ela deve ser a nossa companhia e não o nosso destino. Vamos esvaziar nossos bolsos de pobreza e encher nossas mentes de moedas de EMOÇÃO, notas de BOM HUMOR, cheques de AMIZADE, ações de CORDIALIDADE, fundos de CAMARADAGEM. Vamos dar à felicidade uma CHANCE.

Um brinde a 2006 e à bela história que escreveremos nele.

PROGRAMAÇÃO:

• Para quem vai à praia de Copacabana na noite da virada, a pedida é o show de Fernanda Abreu, na altura da rua Constante Ramos, às 22h. De graça.
• A excelente violonista, cantora e percussionista Badi Assad se apresenta todas as quartas-feiras, até o final de janeiro, no Centro Cultural Carioca. R$ 15
• De 03 a 31 de janeiro, acontece o festival anual “Humaitá pra Peixe”, desta vez apenas no Espaço Cultural Sergio Porto. A grande atração de 2006 é a banda Cidadão Instigado (CE) que se apresentará no dia 18. R$ 15
• Estrela de primeira grandeza do samba brasileiro, Wilson das Neves continua no Rio e quem quiser vê-lo basta ir à Estrela da Lapa, às sextas-feiras. R$ 20
• O Museu de Arte Naïf apresenta a exposição “Uma força me leva a pintar”, com obras de Ermelinda de Almeida, inspiradas no folclore brasileiro, e “Navegar é preciso”, com obras do acervo do museu que destacam o uso da água. O Museu funciona de terça a sexta-feira, das 10h às 18h, e aos sábados, das 10h às 14h, na rua Cosme Velho, 561. R$ 8
Fotos vencedoras do Prêmio Esso de Fotografia estão expostas no Centro Cultural Justiça Federal. O melhor do fotojornalismo brasileiro nos últimos 45 anos podem ser vistos até 12 de março. De graça.
• Todo mundo lembra das ótimas exposições que reuniam às composições de vários ídolos da MPB, o talento de tantos artistas plásticos no Paço Imperial. Então, para o agrado geral ela está de volta. O homenageado da vez é Dorival Caymmi. 80 composições do baiano estarão expostas até 29 de janeiro. De graça.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

Noite feliz?

Nesta época, em que confundimos a simbologia do incenso, do ouro e da mirra com o consumismo desenfreado, é sempre bom lembrar que vários meninos nascem e morrem todos os dias em nossas cidades, em nosso país. E, ao contrário Daquele, não recebem visita nem presentes. Suas mães são tantas “Marias” anônimas espalhadas por aí.

Por isso, a coluna Nervo Óptico, especial de Natal, apresenta uma “pequena” amostra da reação que o provocativo menino NEGOLINDO causou em alguns de nossos leitores.

Para quem não lembra, NEGOLINDO é um moleque muito malandro, que ganhou vida nos muros da cidade graças ao talento do artista Felipe Motta, e que nos visitou na coluna "Negolindo, menino rei em todo o lugar" (de 03/10/2005). Vamos às cartinhas recebidas pelo Negolindo!!!
Coimbra, 27 de outubro de 2005.

Negolindo,

Não perca tempo em pensar na sua reação à maldade daqueles que só se satisfazem fazendo o mal. Pense que você é um receptáculo de espírito e santo. Não deixe que sua face luminosa se perca na escuridão do desespero.

Seja a luz que ilumina àqueles que estão no caminho da desesperança. Seja você mesmo: humano. Não se transforme em animal irracional, quando irado. É fácil falar sobre a miséria, quando não se conhece como você vive e sente, sua situação indigna de um ser humano. Estar no lugar do outro é uma troca, que poderia ser imaginada com amor. Mas, quem está de barriga cheia não pensa na fome dos outros. Por isso, amar é sofrer junto ao seu semelhante; é querer ajudá-lo na sua dor. Amar alguém que é desprezado é tentar salvá-lo do desespero, contra tudo e contra todos, numa sociedade injusta e materialista. Você é a própria fonte da juventude, que está dividida: uma em rica e a outra pobre. Pobreza não é defeito.

Negolindo, não espere que alguém faça alguma coisa por você. Você pode tudo. Lute para alcançar seus objetivos. Mostre à sociedade que você é capaz de fazer alguma coisa de útil, mesmo que ela não tenha feito nada por você.

Não se desespere. Siga pensando nos dons que Deus lhe deu. Você pode desenvolvê-los e apresentá-los à sociedade. Afinal, não foi isso que fez o jovem Jesus diante de uma sociedade injusta, de seu tempo? Ele não fez milagres! Não ensinou aos fariseus! Não cuidou do samaritano? Não deixe que os espíritos das trevas envolva e sugue o seu espírito cheio luz.Quem está com Deus não está sozinho.

Você como um ser humano divino poderá concretizar suas realizações. Não desanime. Mostre sua sabedoria. Mostre a sua energia positiva interior. Canalize sua força para a criatividade. Apresente seus dons a todos; mesmo aos que não acreditam em você. Saiba que você é lindo e capaz de construir seu próprio mundo, com os pedacinhos e as migalhas que os poderosos deixam cair no seu caminho. Não importa. Faça alguma coisa por você mesmo. Não espere pelos homens. Nem sempre eles têm alma.

Um abraço repleto de ternura,
Maria Cleyber


Maria tem 63 anos e é mestranda em Sociologia, na Universidade de Coimbra.




Lucas Oliveira tem 12 anos e estuda no Ginásio Público 326, passou para a 7ª série.


Agradecimentos mais do que especiais:
• Felipe Motta
• Maria Cleybe e Lucas Oliveira
• Fernanda Garrafiel

sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

OS MELHORES DO ANO

E é chegado o dia!
Hoje vamos saber os eleitos melhores do ano pelos leitores da coluna Findi no Rio. Os e-mails foram muito divertidos. Muito obrigada a todos que participaram, mas só cinco foram os sortudos que faturaram a melhor trilha sonora para o final de semana e até para as festas de fim de ano. São eles: Newton Lima, Leandro Acioly, Bianca Domingues, Sandro Fernandes e Marcio Simões.

Agora, vamos aos eleitos!










Dos eventos indicados pela coluna, os mais procurados foram
Os shows no Circo Voador e as dicas de cinema (O Senhor das Armas)

Os melhores eventos indicados pela coluna
-Shows da Nação Zumbi/ Orquestra Manguefônica/ Los Sebozos Postizos
-Pearl Jam
-“Como Chegamos Aqui”, de Marcelo Tas
-“Sonhos de Einstein”, da cia. Intrépida Trupe -Passeio de barco pela Baía de Guanabara

O pior evento recomendado pela coluna
-Claro que é Rock
-Lenny Kravitz
-“Os Negros”
- um voto para Fernanda Abreu (!).

Eventos lamentavelmente perdidos
-Pearl Jam (campeão de votos!)
-Nação Zumbi
-Moby
-“Regurgitofagia”, de Michel Melamed

Melhor cd nacional do ano
-Nação Zumbi “Futura” (campeão de votos!)
-Nando Reis e os Infernais “Ao Vivo”
-Cidadão Instigado “E o método túfo de experiências” (com 1 voto)
-Zeca Pagodinho “À VERA” (com 1 voto)

Melhor cd internacional do ano
-Beck “Guero”(campeão de votos!)
-Cold Play "X e Y"
-System of a Down "Mesmerize/ Hypnotize"
-Fantômas “Suspended Animation”

Melhor show de artista nacional do ano
-Orquestra Manguefônica (Circo Voador)
-Nando Reis e os Infernais (Canecão)
-Djavan (Fundição Progresso)
-Otto (Rival)
-Lafayette e os Tremendões (Teatro Odisséia)
-Rogério Skylab

Melhor show de artista estrangeiro do ano
-Pearl Jam (campeão de votos DE NOVO!)
-Asian Dub Foundation (Nokia Trends)
-Nine Inch Nails (Claro que é Rock)
-Fanfare Ciocarlia (PercPan Teatro Carlos Gomes)

Melhor filme do ano
-“O Senhor das Armas” (campeão de votos!)
-“Os Incríveis”
-“Jogos Mortais 2”
-“A Fantástica fábrica de chocolate”
-“Doutores da Alegria”
-“Edukators”
-“Eletrodoméstica”

A grande pedida para hoje é não perder os shows do Instituto e do Guru no Circo Voador.

O cinema Odeon também reapresenta os melhores do ano segundo seus assíduos freqüentadores. Veja a ótima programação em http://www.estacaovirtual.com/odeonbr/index.html .

Vejam mais!!!

PROGRAMAÇÃO:

Sexta-feira, 16/12
• Odeon reapresenta: "Nossa Música", de Jean-Luc Godard (18:40 h)
• Marcelinho da Lua convidou João Donato e Black Alien para subir com ele e sua banda ao palco do Rival e festejar dois anos de sucesso de seu disco “Tranqüilo”, às 21:30h. R$ 25
• O bom hip hop invade o Circo Voador: Guru, Mike Relm, Instituto e Turbo Trio (leia-se Bnegão + Instituto). R$ 30

Sábado, 17/12
• Odeon reapresenta: "Casa de Areia" (13:30h), "Sin City" (20:30h)
• O Rappa faz show em SãoGonça, no Clube Mauá. Só Deus sabe a hora que começa. R$ 15.

Domingo, 18/12
• Todo domingo, o Teatro Municipal abre suas portas para quem só pode pagar R$ 1 pela entrada. Os espetáculos começam às 11h.
• Odeon reapresenta: EDUKATORS (16:40h), "Nossa Música" (19h)
• O bloco Gigantes da Lira apresenta no Circo Voador, às 15h, uma versão circense para a história do Natal. A criançada vai se amarrar! R$ 10.

Terça-feira, 20/12
• Jards Macalé canta os produtos de sua parceria com Waly Salomão na Modern Sound. 19h. Grátis.

Comentários dos vencedores da promoção! Valeu, galera!

A coluna é muito interessante por ser um contraponto da mídia em geral onde as abordagens e citações são muito duvidosas, tendenciosas e interessadas (interesseiras). A coluna, por sinal muito bem redigida, mostra-se totalmente independente dos interesses das grandes corporações de mídia predominantes e preponderantes, dando espaço às novas manifestações culturais que borbulham no nosso Rio de Janeiro.”
(Marcio Simões)

hm....me explica por que açúcar deixa agitado e água com açúcar acalma?
(Newton Lima)

Dá-lhe, fogão!"
(Sandro Fernandes)

"Esta coluna é TDB!"
(Leandro Acioly)

"Vocês estão precisando de uma produtora de eventos?"
(Bianca Domingues)

sexta-feira, 9 de dezembro de 2005

Estão invadindo a praia

Foi-se o tempo em que, para ver um espécime de outro país no Rio de Janeiro, tínhamos que ir visitar as quitandas, botequins e padarias do subúrbio ou os pontos turísticos e a orla da zona sul da cidade. Hoje, além de haver muito mais estrangeiros “disponíveis” nos calçadões de Copa e Ipa, a cidade está vendo a invasão de uma sorte de gringos das mais variadas e surpreendentes nacionalidades.

Duvida? Ainda não tinha se dado conta? Coreanos e chineses já dominam o ramo de pastelarias e bazares 1,99 do SAARA e do subúrbio. Algumas dessas lojinhas, à primeira vista, parecem o mais legítimo mercado de pulgas nacional. Com um pouco mais de atenção, notam-se mercadorias, em sua maioria esmagadora “importada”, e no fundo do balcão – no caixa, para ser mais precisa –, um par de olhos puxados e vários fios de cabelo escorrido controlando tudo o que sai da loja e conferindo item por item do que as meninas brasileiras, normalmente faveladas, normalmente nordestinas, anotaram nos recibos. Será que desconfiam de algo? Mas não são eles os estrangeiros? Não devíamos ser nós os desconfiados?

E por aí vão, descobrindo e explorando nichos que o povo de casa não soube ou não pôde aproveitar. No trânsito, também começam a aparecer as primeiras vans dirigidas pela tribo amarela que mal consegue se comunicar com os passageiros, mas faz bom uso do dinheiro da passagem. Certamente, não vão gastar com cerveja no bar da esquina. Vão economizar para comprar outra van e, em pouco tempo, estarão com uma frota inteira, concorrendo com os maus prestadores de serviço nacionais.

Em cima dos morros, um povo ainda mais escuro que o nosso está aterrissando e botando banca. Medo de briga eles não têm. Vêm de um país de gente muito mais estourada que a nossa. Lá o bicho pega de verdade. Aqui, de vez em quando, vemos uma ou outra notícia nos jornais sobre angolanos presos na alfândega tentando levar ou trazer drogas de um país para outros. Eles já estão aqui, alguns “bem” instalados, com a vantagem de contar com a cordialidade de um dos povos mais solidários do mundo, o carioca.

E, tomando caldo nesse mar de migrantes nacionais e estrangeiros, a cidade vai sendo repartida e recosturada, para o (nosso) bem e para o mal. Diante da Babilônia em que estamos nos transformando, debaixo dos nossos próprios narizes, com muita vaselina para não machucar, parece bobagem reclamar dos empresários gringos (de Iggy Pop e Nine Inch Nails) que impuseram seus shows em detrimento dos shows nacionais, mais uma vez, contando com o mau serviço nacional prestado em fatídico e já citado festival de rock.

Vale dizer que a idéia aqui não é pregar a xenofobia. Turistas são muito bem-vindos (ainda que não tenhamos de fato condições de recebê-los), mas, convenhamos, a atitude submissa com a qual temos nos portado nestes 500 e tantos anos é inadmissível. Se não aprendermos a nos proteger agora, vai ser difícil, mais tarde, identificar quem veio para gerar divisas e quem veio perpetuar nosso estigma de colônia de exploração. Então, neste Natal, valorize o produto nacional. Se o consumo é inevitável, vamos lá!

Opções: artesanatos, marcas brasileiras (vendidas por brasileiros), obras de artistas e escritores brasileiros, já!

Dicas:
*Moda em Bazar – Peças (roupas e acessórios) exclusivas criadas por alunos e docentes dos cursos de moda do Senac Rio. 10 e 11 de dezembro, das 14h às 20h, no Centro de Tecnologia em Moda (R. João Lyra, 154 – Leblon)
*Feira Rio Antigo – edição extra: exposição ao ar livre de móveis antigos, cristais, objetos de arte, raridades, bijuterias (c/ a melhor barraca da cidade, comandada por Bianca e Jaqueline), antigüidades em geral e show do grupo de ritmos genuinamente brasileiros, o Bossa do Samba, às 14h. A feira acontece na Rua do Lavradio, sábado (10 dez.), das 10h às 20h.
*Bazar Noir – Feira de roupas, acessórios e arte de inspiração neogótica, com djs pra incrementar. No Casarão Cultural dos Arcos (R. Mem de Sá, 23). Domingo (11 dez.), das 16h às 22h. R$ 4.
* Mercado Odeon – Moda, CDs, DVDs, livros e cineminha. Cinelândia, sábado (10 dez.), a partir das 11h. *Mistureba – Moda: 30 marcas novas, DJs e shows. Teatro Odisséia. Domingo (18 dez.)
*Feira hippie de Ipanema – A melhor de todas! Todo os domingos na Praça General Osório.

PROGRAMAÇÃO
10/12 – Sábado
• Natiruts, com abertura da boa Canamaré, Fundição Progresso, R$ 30 (estudantes, idosos e demais portadores do direito à meia entrada ou com 1k de alimento ou flyer a ser entregue na hora do show pagam 1/2) + R$ 10 para levar o cd do Natiruts e + R$ 5 para levar o cd do Canamaré
• F.U.R.T.O. – Yuka e cia. se apresentam no Rival. R$ 25

11/12 – Domingo
• Último dia para ver Marcelo Tas no Centro Cultural da Telemar, com a excelente Como chegamos aqui - a história do Brasil segundo Ernesto Varella.

Dia 16/12, tem Turbo Trio, INSTITUTO e Guru, no Circo Voador. (Finalmente!!!!)

Nação News: Quem lamentou não ter visto o show da Nação Zumbi no tal festival vai ter uma compensação. A banda se apresentará no Circo Voador em janeiro e quem levar o ingresso do festival, ganhará brindes!
E continua a promoção!!! As primeiras (e surpreendentes) respostas já estão chegando. Não deixem de participar. AGORA É COM VOCÊS!!!

• Você já foi a algum dos eventos indicados pela coluna? Quais?
• Das dicas lidas na Findi no Rio, qual foi a melhor?
• E a pior?
• A qual gostaria de ter ido e não foi?
• Qual foi o melhor cd nacional lançado este ano?
• Qual foi o melhor cd internacional lançado este ano?
• Qual foi o melhor show de artista nacional do ano?
• Qual foi o melhor show de artista estrangeiro do ano?
• Qual foi o melhor filme que você viu no cinema este ano?
• Mande um comentário para registro na coluna!!!!

Arte com o povo

"É o povo na arte e é arte no povo e não o povo na arte de quem faz arte com o povo." (“Etnia”, Chico Science)

Ao longo desses primeiros meses de Café Literário e de Nervo Óptico, falamos de arte, de provocação e de comportamento. Nesta edição, vamos continuar falando disso, mas sob novo enfoque. Obviamente, nem tudo o que é provocação é arte, mas toda arte é provocativa. Então, vamos fingir que os nossos governantes, ao invés de política (e de sujeira), fazem "arte" e que o resultado dessa "arte", que tanto nos afeta, seja chamado de "provocação".

Vocês dão a tela, os pincéis e as tintas como quem diz: "Estou te dando carta branca". E eles saem pintando o sete por aí. O que você faz? Continua investindo neles? Qual seria a sua reação a essa "arte"?

Nosso jovem país teve poucos períodos de democracia. Pode não parecer, mas nosso povo, em poucos anos de exercício eleitoral, conseguiu mudar a cara do país e aprender várias lições. Vejam, começamos com Collor, mudamos para FHC (uma melhora e tanto!) e, quando resolvemos abandonar os Fernandos, colocamos um sindicalista na Presidência. Uma prova de ousadia, independente do desempenho deste ou daqueles governos.

Na contramão dessa evolução, está o povo do Rio, se afundando cada vez mais na demagogia eleitoreira e religiosa, em promessas impossíveis, em obras de fachada, em mega shows e eventos esportivos que tomam a verba da merenda escolar, em ônibus incendiados, em tiroteios à luz do dia ou do luar, na violência que nos encurrala mais e mais a cada dia, em hospitais superlotados...

Palmas para eles, senhoras e senhores, eles estão “fazendo arte” como poucos. Não são nossos artistas, são os nossos arteiros. Mestres na arte da provocação, do ilusionismo, da propaganda, da falácia... Até quando, senhoras e senhores, estaremos nós usando o nariz vermelho no centro do picadeiro? Oremos...


Leitura recomendada:
1968 – O ano que não terminou, de Zuenir Ventura

Fundo musical:
• “Até quando esperar” – Plebe Rude
• “Índios” – Legião Urbana
• “Etnia” – Chico Science & Nação Zumbi
A ilustração que melhora esta coluna é de Wilson Domingues. Thanx!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2005

Ainda estamos vivos!

Sábado à noite. A desconfiança causada pelo festival amador do final de semana anterior ainda era um fantasma a assombrar as expectativas para o encerramento da seqüência de shows que chegaram ao Brasil com uma década de atraso: Pearl Jam, no Sambódromo.

Alegria, emoção, catárse, gozo coletivo. Palavras para explicar o que aconteceu na Praça da Apoteose ontem à noite. Eddie Vedder, Mike MacReady, Stone Gossard, Jeff Ament e Matt Cameron (ex-Soundgarden) subiram ao palco com poucos minutos de atraso e encontraram uma multidão de 40 mil gigantes ainda aquecidos pelo grunge debochado de Mark Arm e seu Mudhoney. Como bem lembrou Vedder, “no lugar onde desfilam escolas de samba, hoje o Rock de Seattle vai desfilar”.

E ganhou “10, nota 10!”. Os senhores do grunge tinham a faca e o queijo na mão, partiram o queijo, se serviram e repartiram com a platéia. Como todo grande show deve ser. Como toda big band deve fazer. E o Pearl Jam no Brasil tem esse status.

“Last exit” deu a partida para uma série de clássicos que um a um eram acompanhados a plenos pulmões pelo público. Nenhum hit foi deixado de fora, entre eles “Do the evolution”, “Alive”, “Once”, “Jeremy”, “Corduroy”, “Dissident”, “Daughter” e “Animal”. Ramones (com “I believe in miracle”) e MC5 (com “Kick out the jams”) foram homenageados, este com a participação dos integrantes do Mudhoney.

Vedder foi o maestro que regeu a multidão de vagalumes e cigarras. Nos tempos modernos, os isqueiros dão lugar às luzes dos celulares nas músicas mais tranqüilas. “Better man” foi apenas um dos momentos em que o público roubou a cena, cantando metade da música para delírio do vocalista. Em “Black”, Vedder sentou-se à frente do palco para assistir à audiência. Depois, desceu para junto do público.

O show não teve um clímax, foi um clímax. O respeito da banda e, especialmente, de Vedder pelo público foi reconhecido. Seja falando português, se cobrindo com a bandeira, colocando-a sobre o peito ou declarando seu amor pelo Brasil e pelo Rio, a banda foi correspondida à altura. O público deu um show à parte, cantando junto, batendo palmas, marcando o ritmo das músicas com gestos, com coro ou pulando.

Ao subir ao palco, Vedder anunciou que aquele seria o último e o melhor show da turnê. A banda fez o esperado: um excelente show. O público foi a grande surpresa da noite. Prometeu voltar, com um mundo melhor sem Bush. Despediu-se, tocando The Who e desejando paz e amor. O Rio precisava disso. Ainda estamos vivos e de alma lavada.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2005

Quero meu dinheiro de volta!!!

A grande roubada do ano aconteceu no último final de semana. O festival Claro que é Rock levou 12 mil otários à Cidade do Rock. Entre eles, esta que vos escreve.

Um verdadeiro fiasco de 13 horas de duração, considerando o horário de abertura dos portões até o encerramento do último show.

Som baixo, comida e bebida a preços extorsivos, falta de respeito com o público e com os artistas são apenas algumas das características que determinaram o fracasso do festival.

Como sinal de protesto, publico abaixo trecho da carta enviada por um grupo de pessoas, no qual me incluo, à Comissão de Defesa do Consumidor (defesadoconsumidor@camara.rj.gov.br), pedindo a devolução do valor pago pelo ingresso. Quem foi e também se sentiu lesado pode fazer uso do texto para reivindicar também.

“...fomos aos postos de venda e compramos nossos ingressos por R$ 50 (os que possuíam carteira de estudante) e por R$ 100 (os que não a possuíam).
Chegando ao local do festival, constatamos que fomos vítimas de propaganda enganosa, pelos seguintes fatores:
• Várias pessoas vendiam ingressos por até R$ 5 na frente dos seguranças do festival, que nada faziam, ou seja, com o conhecimento dos representantes dos realizadores (no caso os agentes de segurança).

• O primeiro show começou com 2 horas e 47 minutos de atraso. Esse atraso, associado às posteriores mudanças de equipamentos de som, no intervalo das apresentações, e à passagem de som de cada artista a se apresentar (realizada na presença do público, algo atípico mesmo para eventos de pequeno porte), fizeram com que o último show terminasse após as 04:00h de segunda-feira. Isso fez com que muito dos fãs da última banda não ficassem até o final, devido ao adiantado da hora, ou que a maioria dos presentes não conseguisse assistir ao show em perfeitas condições devido ao cansaço. Acreditamos que todos estaríamos em perfeitas condições de assistir aos mesmos shows se tivessem ocorrido no horário anunciado.
• Pagamos pelo ingresso prevendo shows de 45min. de duração de Cachorro Grande; 55min., da Nação Zumbi e Good Charlotte, cada; 1h05min., de Fantomas e de Flaming Lips, cada; 1h20min. de Iggy Pop & the Stooges e de Sonic Youth, cada. No entanto, assistimos a shows que tiveram de 30 a 45 minutos das bandas Good Charlotte, Fantomas, Flaming Lips, Sonic Youth, com exceção do Nine Inch Nails que se apresentou em 1h15min (menos do que o previsto para um show de encerramento).
• É consenso que o mais triste foi o cancelamento, sem prévio aviso, do show da banda nacional mais aguardada do evento, a Nação Zumbi.”

Quem ainda quiser saber como o tal festival deveria ter sido, pode conferir a matéria publicada no site Omelete, que cobriu os shows de São Paulo, em:http://www.omelete.com.br/musica/artigos/base_para_artigos.asp?artigo=2942

Amadorismos como esse são os grandes responsáveis pelo receio de vários artistas estrangeiros de virem tocar no Brasil, particularmente, no Rio. É inadmissível que não tenha havido uma suspeita de que o equipamento de som, transportado de caminhão de São Paulo para o Rio, pudesse atrasar. Será que os organizadores do festival nunca ouviram falar em “Plano B”? Provavelmente sim, mas para que se preocupar? Se alguma coisa der errado, o que é que tem? O dinheiro dos ingressos já estava na conta, mesmo. O público que se lasque de esperar no sol, depois no sereno, na madrugada, na lama.

Agora vamos aproveitar para analisar o que move grandes empresas a promover eventos culturais. Propaganda. A necessidade de associar o nome da marca a atividades que criem identificação com esse ou aquele público. Se a intenção é chamar a atenção do consumidor, deixemos que nossa atenção seja capturada desta vez. Se vocês fossem comprar um telefone celular hoje, vocês comprariam um Claro? Eu não!!!!

PROGRAMAÇÃO
03/12 – Sábado
• Adriana Calcanhotto canta e toca com Kassin + Moreno + Domenico (leia-se Orquestra Imperial), no Circo Voador. R$ 30

04/12 – Domingo
• Pearl Jam, às 19:30h, Praça da Apoteose. R$ 120

10/12 – Sábado
• Natiruts, com abertura da boa Canamaré, Fundição Progresso, R$ 30 (estudantes, idosos e demais portadores do direito à meia entrada ou com 1k de alimento ou flyer a ser entregue na hora do show pagam 1/2). + R$ 10 para levar o cd do Natiruts e + R$ 5 para levar o cd do Canamaré

11/12 – Domingo
• Último dia para ver Marcelo Tas no Centro Cultural da Telemar, com a excelente Como chegamos aqui - a história do Brasil segundo Ernesto Varella.

Aguardem! Dia 16/12, tem Instituto no Circo Voador. (Finalmente!!!!)

E continua a promoção!!! As primeiras (e surpreendentes) respostas já estão chegando. Não deixem de participar. AGORA É COM VOCÊS!!!

Em comemoração pelo primeiro aniversário da Findi no Rio, os leitores que enviarem respostas para as perguntas abaixo concorrerão a cd com os sons dos artistas que freqüentaram a coluna durante esse primeiro ano de convívio! O sorteio acontecerá em meados de dezembro, para quem quiser conferir os últimos shows do ano e, só depois, enviar suas respostas.
• Você já foi a algum dos eventos indicados pela coluna? Quais?
• Das dicas lidas na Findi no Rio, qual foi a melhor?
• E a pior?• A qual gostaria de ter ido e não foi?
• Qual foi o melhor cd nacional lançado este ano?
• Qual foi o melhor cd internacional lançado este ano?
• Qual foi o melhor show de artista nacional do ano?
• Qual foi o melhor show de artista estrangeiro do ano?
• Qual foi o melhor filme que você viu no cinema este ano?
• Mande um comentário para registro na coluna!!!!
Email: sara.simoes@ibest.com.br

sexta-feira, 25 de novembro de 2005

Aniversário, testemunhos, votos e promoção

Esta semana a coluna Findi no Rio fez um aninho. Então, para provar que eu vou lá conferir as dicas que humildemente ofereço a vocês, divido com os amigos leitores algumas boas surpresas e novidades que tive o prazer de desfrutar nas últimas semanas.

1) Medulla – Ao vivo na Babilônia Feira Hype
Domingão, passeava tranqüilamente, me divertindo com as "modas" da Babylônia Feira Hype, quando foi anunciado o show da banda Medulla. A propaganda era a pior possível: uma major (Sony/BMG) lança disco de banda de rock, capitaneada por dupla de gêmeos, de 17 anos, que, ainda por cima, se chamam Keops e Raoni. Vixe. Não sei se por influência da propaganda com cara de picaretagem ou se por competência da banda, surpresaaa (!): o som agradou. Com um som potente e, ao mesmo tempo, suingado, a banda Medulla mostra autenticidade ao expor em suas letras a realidade de quem tem 17 anos e vive no Brasil. Afinal, não se trata de marmanjos choramingando os dramas da adolescência, o que tem configurado a cara das novas bandas de rock nacionais. Os garotos de Recife contam com uma boa banda e adotam vocais hip hop com personalidade e carisma. O show de apresentação do álbum "Fim da Trégua", traz também distorções e efeitos na guitarra. Nada muito inovador (especialmente, para quem tem Recife como terra natal!), mas convincente para um primeiro disco. Destaque para as citações a Chico Buarque.

2) Soulzé – Ao vivo no Circo Voador – Skol Rio
Imaginem se o Rage Against the Machine tivesse vindo do Ceará... Adicionem a isso que vocês imaginaram arranjos com pífanos e flauta (com direito a uma música inteira com os sopros no lugar dos vocais. Um luxo!). Louco, né? Digo mais: muito bom! A banda está pronta pro “abate”, digo, pro consumo. Depois de uma temporada no Teatro Rival, foram pra sumpaulo, mas deram uma passadinha na cidade maravilhosa pra acrescentar ao festival Skol Rio boas versões para Luiz Gonzaga e Jorge Benjor. E quando todos achavam que ninguém mais poderia fazer versões criativas para “Umbabarauma”, eis que surge o Soulzé pra colocar o Circo pra dançar e esquentar o tímido público que ainda chegava. Riffs cheios de energia, muito groove, batidas empolgantes e letras convincentes. Quando voltarem à cidade, não percam a oportunidade de ver os meninos do Soulzé.

3) A Roda – Site da Trama Virtual
A Trama Virtual promoveu um concurso entre suas bandas mais populares. Para quem não conhece, a Trama Virtual é um espaço para bandas que estão começando ou se lançando no cenário musical brasileiro. Trata-se de uma boa oportunidade para conhecer antes as revelações de amanhã. Numa fuçada para conhecer os futuros astros, deparei-me com a ótima A Roda, mais uma cria pernambucana. Será possível???? Quem quiser conferir, deve fazer um rápido cadastro no site e terá acesso às músicas (mp3) e informações dessa e de várias outras bandas interessantes de todo o País, como Acuri (Rio), Munhoz & Prof. M. Stereo (Sampa), Gerador Zero (Rio), ESS (Curitiba) e Móveis Coloniais de Acaju (Brasília). Confiram em: http://www.tramavirtual.com.br/concursoBandas/votacao.jsp

4) Nação News É, gente, todo mundo já sacou: a Nação Zumbi está presente em quase todas as edições desta coluna. E daí? Vocês sempre têm a opção de pular esta parte do texto, mas tenho certeza que todo mundo lê... ehehehe Então, a novidade da semana é que as letras do novo disco já estão disponíveis em http://www.nacaozumbi.com/discografia_06.htm
Pra quem quiser cantar junto no Claro que é Rock!

Programação
Hutúz música e cinema: hip hop, graffiti, etc. Confira em http://www.hutuz.com.br/filme.htm
Claro que é Rock, melhores atrações:
Palco A - 21:45h – Iggy Pop & The Stooges 00:25h – Nine Inch Nails
Palco B - 17:00h – Cachorro Grande 18:40h – Nação Zumbi 20:40h – Flaming Lips 23:05h – Sonic Youth

De antemão, vale reclamar da chatice burocrática dos festivais que em nome do horário e não da música, da arte, muito menos do público, retiram dos palcos os artistas mesmo que todos queiram bis.

***AGORA É COM VOCÊS!!!
Em comemoração pelo primeiro aniversário da Findi no Rio, os leitores que enviarem respostas para as perguntas abaixo, concorrerão a 5 cds com os sons dos artistas que freqüentaram a coluna durante esse primeiro ano de convívio! Músicas inéditas ou não, ao vivo ou de estúdio, vale tudo, desde que seja bom! Tão a fim?
O sorteio acontecerá em meados de dezembro, para quem quiser conferir os últimos shows do ano e, só depois, enviar suas respostas.
A última coluna do ano trará o resultado da pesquisa com a opinião de vocês, a razão principal para existência dessa coluna. Obrigada pela companhia, pelas opiniões, pelos e-mails, pelas contribuições. Acho que vou chorar...

• Você já foi a algum dos eventos indicados pela coluna? Quais?
• Das dicas lidas na Findi no Rio, qual foi a melhor?
• E a pior?
• A qual gostaria de ter ido e não foi?
• Qual foi o melhor cd nacional lançado este ano?
• Qual foi o melhor cd internacional lançado este ano?
• Qual foi o melhor show de artista nacional do ano?
• Qual foi o melhor show de artista estrangeiro do ano?
• Qual foi o melhor filme que você viu no cinema este ano?
• Mande um comentário para registro na coluna!!!!
Email: sara.simoes@ibest.com.br

segunda-feira, 21 de novembro de 2005

Jogando conversa dentro

Olá, como vai?
Eu vou indo
E você tudo bem?
Eu vou indo correndo pegar
Meu lugar no futuro, e você?
(
Sinal Fechado, de Paulinho da Viola)


Já reparou como anda difícil encontrar um bom papo?

Em tempos de Big Brothers e celebridades instantâneas, em que os líderes de audiência são programas que cuidam do que menos interessa – a (falta de) privacidade de artistas e famosos (geralmente, os menos interessantes), parece que a vida inteligente do planeta está se extinguindo.

Contudo, modismos à parte, interesse por fofoca sempre existiu, mas antes ainda havia espaço para assuntos menos supérfluos. Talvez, a lembrança dos tempos de ditadura ainda causasse cócegas nos mais provocadores. Em outros tempos, a roubalheira nas esferas da administração pública era mais velada, os primeiros casos a serem descobertos ainda cheiravam a novidade e até aqueles que puxavam as cobertas eram dignos de respeito e confiança.

Hoje, que graça têm discursos inflamados em prol da esquerda, se ela é a situação e está no governo (e “não no poder”, como bem lembrou Ariano Suassuna)? Que graça tem falar mal dos políticos se eles são os mesmos há mais de vinte anos e continuamos colocando-os onde sempre estão, de onde não saem e ninguém os tira. Que graça tem falar das novas falcatruas se são velhos ladrões quem agora botam a boca no trombone?
Mas a esterilidade do panorama é inversamente proporcional à criatividade das pessoas para manter um bom papo, ou pelo menos deveria ser. O tempo para começar, depois o futebol, o novo lançamento literário, o filme que acabou de estrear, o disco recém-lançado... essa poderia ser uma seqüência interessante para uma conversa bem (a)fiada.

O que é pior, uma mala pesada ou uma mala vazia?
Resolvida a questão do conteúdo, esbarramos em um obstáculo praticamente intransponível. A educação. Mais raro do que encontrar um bom papo é achar um bom papeador. Ninguém ouve mais. Todos estão surdos? De uma hora para outra, parece que todos só querem falar. Ninguém mais quer ouvir. Fala-se pelos cotovelos, sem respirar até! Não se dá mais a chance do interlocutor “locutar”. Ele está ali apenas para balançar a cabeça e dizer hum hum. E ai dele se não concordar...

Na próxima vez que for a um barzinho ou a um restaurante, observe as mesas em volta e veja você mesmo. De 10 mesas, sempre há pelo menos uma com um “palestrante” despejando sua sapiência sobre uma platéia acuada. E, pode contar, quanto maior for a platéia, maior será o timbre de voz adotado pelo “palestrante”. Porque ele não se satisfaz em calar os seus, ele quer atrapalhar as conversas dos vizinhos também.

Nunca foi tão real a expressão “jogar conversa fora”. Então, vamos começar uma campanha. Vamos nos policiar para não monopolizarmos os bate-papos. Vamos aprender a trocar idéias. Falar em tom moderado pode ser um sinal de boa educação, além de ser a deixa para que seu colega de mesa exponha um lado da questão que você ainda não havia enxergado. E se permita conviver com diferentes opiniões. Exercite sua tolerância. Dê a vez. Ceda a palavra. Isso, sim, é um bate-papo de verdade. A boa conversa é uma arte provocativa. Oxigena o cérebro e deixa todo mundo feliz. Isso é jogar conversa dentro!

Fundo musical:
• “Pop Song 89” – R.E.M.
• “Sinal Fechado” – Chico Buarque

sexta-feira, 18 de novembro de 2005

Comentários 2






Continua IMPERDÍVEL, o espetáculo apresentado por Marcelo Tas, no Centro Cultural da Telemar, teve sua temporada estendida até 11 de dezembro. Como chegamos aqui - a história do Brasil segundo Ernesto Varella faz um apanhado da história maluca desse país doido, com foco maior na história dos últimos 20 anos. Fragmentos das mais espantosas entrevistas e matérias, realizadas pelo misto de ator, jornalista e aviador, são apresentadas em meio a um monólogo da maneira mais divertida e criativa possível. Seria trágico se não fosse hilário. O deboche, desde que o teatro é teatro, ainda é a maneira mais eficiente de ridicularizar tudo aquilo que queremos fora das nossas vidas. LEVE SEU CÉREBRO PARA TOMAR UM AR!!!! R$ 10


Continua insuportável assistir a Jô Soares e Leda Nagle, mas...

Tinha esquecido de comentar... Os programas de falação da MTV também são tristes. Tirando da reta o Quebra Casé, a MUSIC television bem que podia tocar mais music!!!

Programação

Sexta, 18/11
• Naná Vasconcelos: Teatro Rival, 20:30h. R$ 20 a R$ 28
• Max de Castro: Estrela da Lapa, 22h. R$ 20
• Ronca ronca: festa de Maurício Valladares no Odisséia. R$ 20
• Skol Rio - Arcos da Lapa: Rio Maracatu, Alceu Valença. 19h. Grátis.
• Skol Rio - Fundição Progresso: BNegão e Embolada, Marcelo D2, Dj Marky. 22h30. R$ 40

Sábado, 19/11
• Max de Castro: Estrela da Lapa, 22h. R$ 20
• Skol Rio - Circo Voador: Soulzé, Orquestra Imperial, Fernanda Abreu, Dj Marcelinho da Lua. 22h30. R$ 40

Domingo, 20/11
• Tim Encontros: Barão Vermelho c/ participações de Ney Matagrosso, Monobloco e Zélia Duncan. Praia de Copacabana, posto 3, 18:30h. Grátis.
• Benjor: comemora o Dia da Consciência Negra, nos Arcos da Lapa, abertura: bateria mirim da Beija Flor e banda Caixa Preta. 18h. Grátis.
• Skol Rio - Fundição Progresso: BNegão e Embolada, Marcelo D2, Dj Marky. R$ 40

Quarta, 23/11
• Luis Carlos da Vila - Carioca da Gema, 21h30. R$ 12

Quinta, 24/11
• Mad Professor: Dub+dub+dub!!! Teatro Rival, 21h. R$ 25
• Hutúz Rap Festival: o graffiti nacional invade o Odeon. http://www.hutuz.com.br/ Grátis.

OBS.:
1. Pra comer: Novo australiano na área. The office sports bar. Rua Aires Saldanha, 92-A, Copacabana.
2. Pra ver: novo canal de música - VH1. A partir de segunda-feira, às 19h, por enquanto, só pra quem assina a Sky.
3. O Findi no Rio está prestes a fazer um aninho!!! Vem aí uma super promoção!! Fiquem ligados!

sexta-feira, 11 de novembro de 2005

Comentários

1) IMPERDÍVEL, o espetáculo apresentado por Marcelo Tas, no Centro Cultural da Telemar, teve sua temporada estendida até 11 de dezembro. "Como chegamos aqui - a história do Brasil segundo Ernesto Varella" faz um apanhado da história maluca desse país doido, com foco maior na história dos últimos 20 anos. Fragmentos das mais espantosas entrevistas e matérias, realizadas pelo misto de ator, jornalista e aviador, são apresentadas em meio a um monólogo da maneira mais divertida e criativa possível. Seria trágico se não fosse hilário. O deboche, desde que o teatro é teatro, ainda é a maneira mais eficiente de ridicularizar tudo aquilo que queremos fora das nossas vidas. LEVE SEU CÉREBRO PARA TOMAR UM AR!!!!

2) NA COLUNA passada, comentei o quanto é difícil para mim ser imparcial com os artistas que gosto ou sentar para escrever mal do trabalho de alguém. Mas hoje, vou exercitar um pouco essa última dificuldade minha. Não pelo simples ato de malhar. Trata-se de um pedido de socorro de um cérebro que está tentando fugir do massacre dos apresentadores-estrelas. Não, ao contrário do que muitos devem estar pensando, não vou falar mal do Michel Melamed. Tá certo, ele é "meio" exibido, mas antes um Recorte Cultural na mão, do que dois Lucianos Hucks voando da televisão para dentro da sua sala!!!!

Meu pedido de socorro se refere especificamente a Jô Soares e Leda Nagle. Do primeiro, eu já desisti faz tempo, mas ao que tudo indica ele tem feito escola. A segunda é simplesmente INSUPORTÁVEL. Ver o programa Sem Censura é, mais do que um sacrifício, um desafio à paciência. Ambos não param de falar. Falam pelos cotovelos, mais até do que os entrevistados. Será uma espécie de complexo de inferioridade essa necessidade de aparecer mais do que os outros ou de querer provar que sabem mais do que todo mundo? Então, por que não apresentam seus programas sozinhos? Por que insistem em convidar meros especialistas que não vão acrescentar nada às suas respectivas sapiências?

Cansada de esperar algum diretor de televisão se tocar para a existência desses malas e de trocar de canal em busca de uma opção menos pior, tomei uma decisão (modéstia à parte) inteligente: desliguei a televisão e abri um livro. Nunca é tarde para colocar a leitura em dia!!!!

3) E já que o assunto é TV, hoje à noite (11/11//2005, às 21:00h), na TVE, será reapresentada a primeira parte de um programaço que conta para nós ignorantes sudestinos um pouco da cultura regional de um estado que eu AMO. Vocês sabem, né? Pernambuco. Tive a sorte de ver a primeira apresentação do programa e dou o meu testemunho: para os desprovidos de preconceito, é EXCELENTE, IMPERDÍVEL, EMOCIONANTE. O nome do programa? Vá lá e descubra...

4) Quem, como eu, ainda não matou a sede de Nação Zumbi pode conferir no site do Trama Universitário – T.U. para os íntimos – (www.tramauniversitario.com.br) duas entrevistas curtinhas com os integrantes da banda sobre o novo disco. Mas o quente mesmo é o making off do clipe novo. "Hoje, amanhã e depois", em versão videoclípica, terá animação, 3D, efeitos especiais, psicodelia p&b e, como não poderia deixar de ser, muita criatividade. Confira a matéria em www.trama.com.br. E que os prêmios venham...

5) Vingancinha estilo O2 Neurônios: queimar uma mídia com músicas para namorar e dá-la prum cara que vira as costas e vai ouvi-las com outra é ruim. Mas dar a mesma seqüência para vários outros depois e fazer sucesso é divertido!!! Afinal as músicas eram para namorar, mas não foi dito com quem! O vento que bate do lado de lá, bate do lado de cá também! Parabéns, às mocinhas vingativas do planeta. Grata pelas boas idéias! Um dia eu chego lá! Esse samba é pra vc, ô meu amor...

Programação
Sexta, 11/11

• Plano B

Sábado, 12/11
• Feijoada na quadra da verde & rosa.
• Mercado Odeon: em frente ao cinema, moda, música, petiscos, fotografia, literatura, ah! sim, cinema. Participe da campanha Natal sem Fome, contribuindo com 1kg de alimento não perecível! Das 11h às 21h. Grátis.
• Índia Mística: música, mantras, moda, dança, comida, ritual de purificação e uma rave indiana. Circo Voador. A partir das 22h. R$ 30 (Hei, moçada, pega leve! Onde há dinheiro não há luz!!!!)

Domingo, 13/11
• Feijoada no Circo Voador: Domingo no parque!
• Compras de natal originais, alternativas e não tão caras: Babilônia Feira Hype e Feira hippie de Ipanema.

Sexta, 18/11
• Skol Rio - Arcos da Lapa: Grátis.
• Skol Rio - Fundição Progresso: R$ 40

Sábado, 19/11
• Skol Rio - Circo Voador: R$ 40

sábado, 5 de novembro de 2005

O FuturA a Deus pertence


Para mim, é doloroso analisar friamente um trabalho que admiro. Por isso, dificilmente vocês me verão metendo o malho em alguém. Já que me proponho a escrever só sobre o que gosto.
Sendo assim, é complicadíssimo falar de Futura. Não que o novo disco da Nação Zumbi seja digno de malho, mas por gostar muito da banda. Nos anos 90, pela primeira vez em mais de duas décadas de vida, minhas bandas favoritas não eram estrangeiras. Planet Hemp e o Rappa abriram as portas, mas a Nação Zumbi foi quem realmente assumiu a presidência da casa.
Várias semanas antes do lançamento, fuçando os sites da gravadora e da banda atrás de alguma pista, achei a faixa de abertura do disco. Logo depois, veio o site com o disco todo disponível (divulgado aqui, em 21/09). O passo seguinte foi reservá-lo na pré-venda de uma loja virtual. Antes de chegar às lojas, ele já estava em minhas mãos. As primeiras audições de Futura foram tão ansiosas que certamente muita coisa só vai ser percebida daqui a algum tempo. Sendo assim, qualquer equívoco que eu venha a cometer daqui pra frente deve ser perdoado. E entendam: essa não é uma resenha, são apenas alguns comentários que divido com vocês.

Futura é o disco mais paulista da Nação Zumbi. Dói dizer isso. Bairrismos à parte, vale lembrar que o padrão de qualidade dos pernambucanos não ficou de fora desse trabalho, mas parece que a terra natal (deles) está ficando mais distante. Por um lado é uma pena, por outro: a conexão agora não é só de Recife para o mundo, mas do mundo para o espaço. Nem o céu parece ser mais o limite pra eles.

O grau de sofisticação desse novo disco é tanto que até a psicodelia deles tem outra cor. E quando você começa a viajar "sob o signo do som", alguma coisa dita por Jorge du Peixe te traz à terra novamente. As letras continuam difíceis de entender, mas o que se consegue pescar dos vocais sempre remete a alguma imagem que gera milhares de conexões neuronais e a uma cadeia de outros pensamentos e associações... e quando você volta à música, muitas outras idéias já se passaram e você só terá a chance de pescá-las na próxima vez que ouvir o disco novamente.

Em outras palavras, as letras te trazem pra terra e te jogam pro espaço de novo. Isso é muito bom porque, a cada nova audição, há a garantia de uma nova viagem. Talvez esta seja a maior dificuldade em entender as letras da Nação Zumbi: concentrar-se nelas. E por não se deterem a um lugar e um tempo específicos, são como roupas que qualquer um "com ouvidos em outra dimensão" pode vestir. São universais.

A grande surpresa do disco são os vocais de Du Peixe. É clara a sua evolução, está mais ousado e cada vez mais melódico. Cada vez mais chegando à altura da versatilidade dos integrantes da banda.

Resultado da experiência adquirida após 5 discos, um projeto paralelo (Los Sebozos Postizos, releitura de Jorge Ben), trilhas sonoras, o contato com a banda Instituto e muita estrada, as experimentações e a sutileza são o diferencial de Futura. Barulhinhos diferentes aqui e ali. Influências ora veladas (Mutantes, em "Expresso da Elétrica Avenida") ora explícitas (de surf music, em "Futura", e Jackson do Pandeiro, em "Pode acreditar"). Tudo isso é Futura. Só uma crítica negativa: o disco é muito curto!!!
Melhores faixas: "Respirando" e "Pode acreditar"
Groove enfumaçado: "Vai buscar"
Pra pular: "Sem preço"

PROGRAMAÇÃO
Sexta, 4/11
• Rio Tecnomídia: feira de mídia e tecnologia. Com oficinas curtas para o público que poderá manusear os equipamentos. Casa França Brasil. Seg. a sexta. Até 13 de novembro. Grátis.

Sábado, 5/11
• Feira Rio Antigo: decoração e a estréia de Bianca e Jaqueline na melhor barraca de bijus da cidade, R. do Lavradio.
• Carnaval Rio Antigo: os blocos Cordão Céu na Terra, Rio Maracatu, Cordão do Boitatá e Bola Preta saem da Pça. Tiradentes, às 14h, passam pelo Lavradio e Fundição Progresso.
• RecBeat: direto de Recife, o Circo Voador traz a festa, com apresentações de Júnio Barreto, Mombojó e LOS SEBOZOS POSTIZOS. R$ 15 p/ estudantes.

Domingo, 6/11
• Feira Mistureba, Casa da Matriz: moda e novidades. Grátis.
• Art Natal: Feira de artesanato brasileiro. Monte Líbano (sex., sáb. tb.). R$ 1
• Tangolomango: festival de cultura e etnias, no Circo, 14h. Mais em http://www.tangolomango.com.br/. Grátis.

Quinta, 10/11
• Naná Vasconcelos, Teatro Rival, às 20h30. R$ 25.

Filmes da hora: "Cidade Baixa", "Havana Blues" (eu não disse que não precisava entrar na correria do festival de cinema?) e "Tudo acontece em Elizabethtown" (Cameron Crowe é pop, mas é legal!)
Mostra de cinema brasileiro na rede Cinemark.

SKOL RIO, dias 18 e 19/11, no Circo Voador, na Fundição Progresso e nos Arcos da Lapa. Em breve, mais informações.

segunda-feira, 24 de outubro de 2005

O dia em que os olhos não se fecharam mais - Graffiti

Quem mora no subúrbio do Rio (e de qualquer outra grande cidade) sabe que todo trajeto percorrido de ônibus é uma viagem. Sabe também que é um momento de regressão para os que acordam muito cedo: a mão que balançava o berço na infância, agora, é a que controla o volante e troca a marcha, conduzindo como a primeira o ritmo dos sonhos que passam por trás dos nossos olhos.

Tanto faz se o destino é o centro da cidade ou outro centro comercial, o trajeto é invariavelmente longo. E, para mim, o sono interrompido pelo despertador encontrava nessas viagens sua tão desejada continuação, caso me fosse concedida a sorte de fazê-las sentada. Mas um dia meus olhos se abriram muito antes do que o de costume e tive uma grande surpresa.


Diante deles passaram imagens que nunca havia percebido. Como? Eram tão coloridas. Tão vivas. E ainda contavam histórias. Brincavam com o que estava ali antes delas e fundiam, com os mais altos graus artísticos, um aço que tomava nova forma. Dando novos ares. Gerando novos significados e, principalmente, novas idéias. Arte de rua: GRAFFITI.


O que se vê hoje é a novíssima geração artística urbana. Um movimento que não precisa de galerias luxuosas e modernas para existir. Ela está na rua. Acessível para quem quiser abrir os olhos e ver. O fato de ser gratuita não significa que não seja sofisticada. É muito. Diz coisas que precisamos ouvir, ver e que sentimos, mas com a língua da arte.

O Graffiti brasileiro é legal e de qualidade. Essas duas características fazem do nosso Graffiti um dos poucos no mundo associados não apenas ao hip hop e ao skate, mas também a programas sociais. Ainda há quem o associe à pichação, mas a maioria já lança outros olhares sobre ele. Os ainda meninos-artistas já expõem em conceituados espaços da cidade e dão crias. Novos crews de grafiteiros nascem incentivados por oficinas, oferecidas em escolas públicas e associações comunitárias.


Da zona norte à zona sul, os muros da cidade maravilhosa estão cada vez mais coloridos e precisamos disso. É uma injeção de cor, criatividade e independência em nossas retinas. Arte feita por gente jovem que batalha para criar e é respeitada por isso. Alguns empresários já perceberam o potencial desse estilo e aos poucos o Graffiti começa a invadir a publicidade. As Casas Bahia, com o artista Titi, de São Paulo, e o Bob’s, com o Grupo Nação, do Rio, são bons exemplos disso.

Devo ao Nação Crew o meu despertar para o Graffiti. Sua arte, nos muros da Fundação Instituto Osvaldo Cruz e em frente ao antigo prédio do Jornal do Brasil, na avenida de mesmo nome, sacudiram para fora da minha mente a sonolência artística de pensar que arte é para elite financeira e feita por ela. A verdadeira arte não está no extrato bancário ou no poder aquisitivo, mas no que a sua mente pode absorver, transformar e produzir.

Hoje meu trajeto é outro. A viagem, como disse, ainda é longa, mas o hábito de ler os muros da cidade permaneceu. E sempre aprendo mais. Sempre há uma novidade. Você já notou? Perto de você deve haver um Graffiti esperando para ser desvendado, interpretado ou simplesmente admirado. Deixo vocês com os meus Graffitis favoritos, expostos atualmente e por tempo indeterminado na melhor galeria de arte do mundo: o Rio de Janeiro.

Ilustrações:
(Do alto para o fim da página)
•Nação Crew: George Bush, Av. Brasil
•Da Lata: Monstro
•Wilbor: Maleiro, R. do Riachuelo
•Nação Crew: R. Leopoldina Rego, Olaria
•Motta: Negolindo, Av. Maxwell com Pereira Nunes
•El Niño: Praia de Botafogo
•Nação Crew: Rocinha
•Acme: Jorge da Capadócia, Pavão Pavãozinho
•Motta: Bezerra, Praia de Botafogo

quarta-feira, 19 de outubro de 2005

O Senhor das Armas, Nicolas Cage e um soco no estômago


Do mesmo diretor de “O show de Truman” e de “O terminal” – Luc Besson –, “O senhor das armas” é um sério candidato a filme do ano. Não só por ter Nicolas Cage, Ethan Hawke e Jared Leto (de “Réquiem para um sonho”) em atuações irrepreensíveis. Nem apenas por tratar de um assunto que atinge a todos os países do mundo. Mas pelo momento em que chega ao circuito brasileiro. Às vésperas de um referendo que vai decidir se armas de fogo poderão, ou não, ser comercializadas no Brasil.

Independente da sua ou da minha opinião sobre o assunto, vamos falar do filme. Por meio de um jogo de câmeras, ele começa colocando o espectador no lugar da bala. Desde a sua fabricação até o seu destino final: a cabeça de uma criança africana. E isso é só o começo. Ele conta a trajetória de um migrante que chega aos Estados Unidos e, para fugir do fracassado sonho americano, despe a máscara de “loser”, vestindo a carapuça de um frio traficante de armas.

Não se trata de um filme escrachadamente panfletário, mas expõe de uma maneira tão banal as tramas que envolvem o comércio de armas entre países de primeiro, segundo e terceiro mundos, que se torna impossível não levantar questões morais e éticas em seu desenrolar. Jogos políticos, quedas de regimes e história contemporânea se misturam à história de vida do personagem de Nicolas Cage e sua família. Com uma boa dose de ironia, algumas pitadas de sexo e uma colherada de violência “gratuita”, o filme encontra o equilíbrio ideal para passar uma mensagem dura de uma maneira tão contundente que nem Michael Moore, com seus ataques a Bush, poderia sonhar.

O fato de ser “apenas um filme” não ameniza a sensação de impotência e dor ao ver pessoas inocentes morrerem em nome da riqueza e da vaidade de poucos, até por se tratar de obra baseada em dados reais. O fato de saber que as armas mostradas neste filme iam parar em países de terceiro mundo, em sua maioria, africanos e em guerra civil não nos exclui da rota de destruição que esse tipo de comércio criou. Nosso país não está em guerra declaradamente civil, mas a arma banhada a ouro usada por um traficante e descoberta há poucos dias pela polícia carioca era igualzinha à usada por um cliente do personagem interpretado por Cage. Aqui ou nos países africanos, chacinas de inocentes são cometidas em nome do lucro dos cinco países que mais vendem armas (legais ou não) no mundo e que “coincidentemente” fazem parte do Conselho de Segurança da ONU.

Querem saber quais são? Então, antes de votar, assistam ao filme e tirem suas próprias conclusões. É a minha dica principal para este final de semana.

sexta-feira, 7 de outubro de 2005

Brasil brasileiro?

Todo mundo tem um filho, um sobrinho, um afilhado, um enteado, enfim, uma criança em idade escolar por perto. Já tiveram a curiosidade de ir a uma festinha da escola do pimpolho? Se a escola for particular, pode dar adeuzinho às economias. Paga-se tudo: entrada, mesa, quitutes, banheiro, ar... TUDO. É um verdadeiro assalto voluntário, em prol de ver a criança se apresentar. Mas isso nem é o pior. Salvo o nó na garganta de ver o seu pequeno atuando, o pior mesmo é a qualidade da produção.

Explico: parece que as tias da escola andam vendo muita novela e esqueceram que estamos no Brasil e que por aqui, em junho, bricamos de dançar quadrilha (caipira) e festa country não é uma tradição nacional. Parece que também esqueceram que o Halloween é uma brincadeira gringa e as crianças daqui ganham doces no dia de Cosme e Damião (tradição que está acabando graças às religiões esquisitas que se propagam pelo mundo em nome da fé financeira).

Hei! Chega dessa palhaçada! Temos que comemorar o dia do Folclore, o dia do Índio, o NOSSO dia da Independência (mesmo que ela ainda só exista nos livros) e o dia da Bandeira. Se vocês pagam (barato ou caro, não interessa) pela educação de suas crianças, exijam que os temas que exaltam a nossa cultura sejam incluídos nos currículos escolares. O que vai ser da cultura brasileira, se as crianças não conhecerem o maracatu, o bumba meu boi, o jongo da Serrinha e tantas outras tradições nacionais?

Uma boa pedida pra molecada e os (ir)responsáveis por ela é a apresentação da genial Cia. Folclórica do Rio-UFRJ. No espetáculo em cartaz até domingo, no teatro Cacilda Becker, são apresentadas diversas lendas sobre o mar, por isso, o nome da peça: Pelos mares da vida. A Cia. conta com uma banda e um corpo de dançarinos-atores da Universidade Federal que adicionam muito som, percussão e cores às velhas histórias do nosso país. Eu assisti no ano passado e recomendo. É imperdível!
(Um pedido à Cia.: por favor, remontem Riojaneirices!!!! É muito maneiro!!!)

E passado o stress do Festival de Cinema do Rio, surge agora o stress do Rio Cena Contemporânea (http://www.riocenacontemporanea.com.br/). O corre-corre agora é para assistir às peças deste festival de teatro que traz cias. de várias partes inusitadas do mundo, Irã, Bélgica, França, Curitiba e, pasmem, até Rio de Janeiro. Paralelamente, começa hoje o Cabaré do Festival, que utilizará o maravilhoso espaço da estação Barão de Mauá, na Leopoldina para oficinas durante o dia e shows à noite. Destaque para a noite rock and roll hoje e para a apresentação da excelente banda de hip hop, de Nikiti, Quinto Andar, no dia 14.

Quanto ao festival de cinema, o stress foi totalmente desnecessário, pois mal acabou e já há um replay no Odeon de vários filmes que provavelmente não voltarão ao circuito, é o “Úlitma Chance” (conferir programação em http://www.estacaovirtual.com/index.htm). Isso sem falar nos filmes que já estão entrando em cartaz nos melhores cinemas. Exemplo: "Doutores da alegria". Quem viu gostou e se emocionou. Quem for ver, leve um lenço.

No circuitão, estréiam hoje algumas boas pedidas: a produção nacional "O coronel e o lobisomem" (do mesmo diretor de “A grande família”, da Rede Globo, Maurício Farias; e adaptação do texto de José Candido de Carvalho, assinada por Guel Arraes, Jorge Furtado e João Falcão), "Eros" (atenção, namorados!), "Os irmãos Grimm", "Wallace e Gromit" e "O terceiro olho", os dois últimos, respectivamente, uma animação e um suspense (c/ o mesmo ator de "Segundas intenções", Ryan Phillippe) ingleses.

Os próximos dias também estão bastante favoráveis à tribo zen: Ayurveda no Jardim Botânico, Festival de Mantras no Scala e aula gratuita de ioga no Parque Lage. Confiram a programação...

Sexta, 07/10
• Wilson das Neves – um dos maiores bateiristas do mundo toca na Sala Funarte Sidney Miller (R. da Imprensa, 16, Centro), às 18h30. R$ 10 (praticamente de graça!)
• Mateus Pinguim + Djs Soneca E Erik David – lançamento do cd "Só escuta o som", pela Trama. Estilo:Black, underground hip hop, ragga. Lj Plano B (Lapa - 3852-1431), às 19h. Grátis.
• Limusine Negra – a execelente banda gaúcha se apresenta no Rio Rock & Blues Club (R. Prof. Ferreira da Rosa, 180 – Barra), às 22h. R$ 10
• Monobloco – gravação do DVD, c/ participação de Pedro Quental, MCs Júnior e Leonardo, no Circo Voador. R$ 30
• Autoramas – toca depois de Erika Martins e Telecats, no Odisséia, às 22h. R$ 20.
• Avenida Dropsie – uma das atrações curitibanas do Rio Cena Contemporânea. Carlos Gomes, às 20h. R$ 10
• Pelos mares da vida – Cia. Folclórica do Rio apresenta lendas do mar no Teatro Cacilda Becker (Rua do Catete, 338), às 20h. R$ 10

Sábado, 08/10
• Ayurveda no Jardim Botânico – atendimentos e palestras. Das 9h às 15h. R$ 4
• Ioga – aula gratuita. Parque Lage, das 9h30 às 10h30. Leve toalha e lata de leite em pó!
• Monobloco – gravação do DVD, c/ participação de Lenine e Fernanda Abreu, no Circo Voador. R$ 30
• Avenida Dropsie – uma das atrações curitibanas do R.C.Contemporânea. Carlos Gomes, às 20h. R$ 10
• Dance on Glass –atração iraniana do Rio Cena Contemporânea. Sergio Porto, 21h. R$ 10
• Pelos mares da vida – Cia. Folclórica do Rio apresenta lendas do mar no Teatro Cacilda Becker (Rua do Catete, 338), às 20h. R$ 10

Domingo, 09/10
• Dance on Glass – atração iraniana do Rio Cena Contemporânea. Sergio Porto, 21h. R$ 10
• Pavilhão 9 – o hip hop roqueiro paulista de altíssimo nível se apresenta depois de Cabeçudos (nooossa!), no clube Florença (R. Alecrim, 593 - Vila da Penha), a partir das 14h. R$ 8
• Pelos mares da vida – Cia. Folclórica do Rio apresenta lendas do mar no Teatro Cacilda Becker (Rua do Catete, 338), às 19h. R$ 10

Terça, 11/10
• Dinheiro Grátis – uma das atrações cariocas do Rio Cena Contemporânea, em que Michel Melamed dá continuidade ao seu ótimo trabalho em “Regurgitofagia”, desta vez falando do Capitalismo. Sesc Copa, 21h. R$ 10

Quarta, 12/10
• Festival de Mantras – apresentação de músicos e grupos de dança trazidos pelo consulado da Índia. Scala, às 18h. R$ 20
• Water Dances – atração tcheca do Rio Cena Contemporânea. Sesc Copa, 20h. R$ 10


Quinta, 13/10
• O dia fora do tempo – Grande Cia Brasileira de Mystérios e Novidades – uma das atrações cariocas do Rio Cena Contemporânea. Largo de São Francisco, às 17h. Grátis.
• Inventário - Aquilo que seria esquecido se a gente não contasse - Doutores da alegria – atração do Rio Cena Contemporânea. Sala Baden Powell, às 19h. R$ 10
• Angel of Death – atração belga do Rio Cena Contemporânea. Sergio Porto, 21h. R$ 10

Sexta, 14/10
• Quinto andar, na Estação Barão de Mauá, a partir das 22h. R$ 20
3 caras e 1 caixa – Exposição de instalações com fitas adesivas muito maneira, montada por Eduardo Felipe (foto ao lado) na Galeria Maria Martins (campus Tom Jobim, da Estácio de Sá). De 2ª a 6ª, das 10h às 22h. Aos sábados, das 10h às 18h. Até 28 de outubro. Grátis.

Sábado, 15/10
• Mercado Odeon: Feira com moda, livros, música, fotografia, petiscos. Na Cinelândia, em frente ao cinema. (http://www.estacaovirtual.com/mercadoodeon/index.html) Grátis.
• EDUCAÇÃO, OLHA!: ÚLTIMO DIA PARA VER exposição de desenhos no Sobrado A Gentil Carioca (R. Gonçalves Ledo 17, Centro). De terça a sexta, das 12h às 19h; sábado, das 12h às 17h. Grátis.

segunda-feira, 3 de outubro de 2005

Negolindo, menino rei em todo lugar

Para os negolindos: Luquinhas, Millinha, Joãozinho e Pedrinho

Quando, seu moço, nasceu o rebento, não era o momento dele rebentar. Já foi nascendo com cara de fome e a mãe não tinha nem nome pra lhe dar. Como foram levando, não sei explicar, ela o foi levando e ele a lhe levar. E na sua meninice, ele um dia disse que chegava lá...



Esse moleque, Negolindo, não é mole, não. Perambula por aí. Brincando com o que pode e sendo feliz ao seu jeito. Porque criança pobre não precisa de brinquedo caro para ser feliz. Bate bola ossuda. Bate um prego aqui, prende umas ripas ali e está pronto o rolimã para descer as inúmeras ladeiras que ligam o asfalto à sua casa.

Vai pra escola, mas só o que prestam lá são a merenda e o papo desenrolado com o Cumpadi, o Brother e o Mané, seus melhores amigos. Não entende do que as Donas falam lá na frente. Ficam falando do que passou na tv ontem à noite. E ele lá vê tv? Não tem tempo, não. Aproveita que a mãe não vem pra casa pra ficar na rua até mais tarde. Até o sono bater. Mãe só no final de semana e se a Patroa deixar. A Patroa deve ser a vó que nunca viu, porque faz com a mãe o que a mãe faz com ele, não o deixa sair.

Ele tem teto, mas vê a cara de medo das Donas no volante quando os quatro se aproximam para atravessar a rua. Vêem os vidros subirem devagar. Se quisessem, podiam fazer uns ganhos por aí, mas para eles, os meninos do sinal com garrafa quebrada na mão são que nem os meninos do colégio de padre que batem nos outros. São crianças também, mas quando crescem brigam no baile e na boate. Uns com dinheiro, outros sem. Uns sem atenção, outros também.

Mas Negolindo tem seus dias de rei. Quando a mãe vai pra casa, ah, Neguinho sonha demais. Menino sonha com coisas que a gente cresce e não vê jamais. Menino pensando só no reino do amanhã, no que vai ser quando crescer. Vai querer ser pai. O que nunca teve. Não sabe quem vai ser a mãe. As meninas nem olham pros pequenos como ele. Elas não jogam futebol. Cheiram bem, mas são chatinhas. Só uma não é.

Deixa a bola de lado e vai esperá-la chegar. Sobe com ela e as novidades da semana pra contar. Sufoca. Aumenta. Mistura as histórias. Ela reza toda noite, entrega para Deus a sorte do menino. É tudo o que pode fazer.

Você conhece o Negolindo? Ele é daqui. Também é daí. É de todo lugar. E na sua meninice, acho que tá lindo, de papo pro ar. Acho que vai chegar lá.

Escreva pra ele. Mande uma carta dos reizinhos que você tem em casa. Faça amizade com os Negolindos que estão perto de você. As mensagens mais legais estarão no ar, nas próximas edições do Nervo Óptico. Em uma sessão especialmente criada para receber os seus recados. Até lá!

Citações:
• “Meu guri” - Chico Buarque
• “Todo Menino É Um Rei” - Nelson Rufino & Zé Luiz

Agradecimento:
Felipe Motta, o “pai” do Negolindo que melhorou essa coluna com sua ilustre ilustração. Thanx, boy!

segunda-feira, 26 de setembro de 2005

Asian Dub Foundation faz o melhor show internacional do ano na noite de sábado

Resenha para JB OnLine
Arte, telões de altíssima definição, uma bela ambientação e, principalmente, muita música foram os pontos altos do Nokia Trends que, na noite de sábado, deu um ar high tech aos velhos armazéns 5 e 6 do Cais do Porto do Rio de Janeiro.

O festival de mais de dez horas de duração contou com uma praça de alimentação bem servida, porém mal localizada no único corredor de acesso a todos os ambientes, causando grande tumulto nos intervalos das principais atrações. Ao final do show da banda Asian Dub Foundation, um empurra-empurra generalizado quase acabou mal quando uma verdadeira multidão de espectadores tentava sair ou entrar pelo reduzidíssimo acesso principal do espaço Live.

Apesar da proposta de transmissão simultânea do evento de São Paulo, quem chegou cedo para ver os shows paulistas do Coletivo Instituto e de BNegão e os Seletores de Freqüência ficou na saudade e teve que se contentar com a apresentação do Apavoramento Sound System, com participação de Fausto Fawcett.

Em compensação, o espaço Live superou as expectativas em vários momentos. A noite foi aberta pelo DJ Zegon, conhecido por aqui como Zé Gonzáles, por suas participações nos trabalhos de Planet Hemp, Sepultura, O Rappa e Nação Zumbi. O DJ animou os poucos presentes com citações de De La Soul, Beastie Boys e uma ótima versão para "Shout", do Tears for Fears. Money Mark, a segunda atração da noite, tocou gaita, teclado, guitarra, cantou, chamou Mario Caldatto para tocar baixo e, ainda assim, passou pela noite apenas como o tecladista do Beastie Boys. Mark e banda bem que se empenharam com um rock de fácil assimilação, levadas de blues e alguma distorção, mas não esquentou o ainda pequeno público presente.

Zé Gonzáles voltou ao palco com um set de techno e música indiana, preparando o terreno para a atração de última hora. Escalados às vésperas do festival, em substituição a Róisín Murphy, os ingleses do Asian Dub Foundation foram os responsáveis por boa parte do público presente. O show de letras engajadas, acompanhadas de tablas, tambores, dubs, ragga e muito peso, não decepcionou. Com um set list mais voltado para os dois últimos discos, "Enemy of the enemy" e, o recém-lançado no Brasil, "Tank", fizeram uma apresentação arrasadora, interrompida por cerca de cinco minutos após a terceira música, devido a problemas técnicos. Quando voltaram, dedicaram “Round up” a Jean Charles de Menezes, brasileiro morto pela polícia inglesa, e não deram mais sossego ao público. Tocaram clássicas como “New way, new life” e, depois de uma hora e meia de show se despediram com “Fortress Europe”. O público bem que pediu, mas o bis não aconteceu. Efeito colateral de festivais com hora marcada.

A noite continuou com muita música eletrônica, laser e clima de rave até a manhã de domingo. Com apresentação prevista para começar às 8h da manhã, o dj Mau Mau encerrou o evento.

sexta-feira, 23 de setembro de 2005

Fervo Total

O Rio de Janeiro está um fervo só. Mostrando porque muitos ainda o consideram o centro cultural do País, há eventos para todos os (melhores) gostos.

De feira de livros a show de música eletrônica, a cidade maravilhosa não dá margens a reclamações por falta de opção.

Abrindo a lista de eventos com chave de ouro, há o Festival de Cinema do Rio. Este ano, os filmes estarão espalhados por 35 pontos da cidade. Uma verdadeira maratona cinematográfica, com obras de todo o mundo e de todos os estilos. Para conhecer a programação completa, horários e mais detalhes, acesse www.festivaldorio.com.br. No final desta coluna, uma lista com 25 sugestões de filmes para vocês, com comentários.

Hoje, amanhã e domingo, a Primavera dos Livros dá o troco ao monopólio das editoras gigantes que entopem as Bienais. 81 estandes expõem a fina flor da produção literária de 90 pequenas e médias editoras, com descontos de até 40%. As estrelas deste ano são João Ubaldo Ribeiro e o livro de Tirso Sáenz que mostra Che Guevara, não como um guerrilheiro, nem como médico, nem como viajante, mas, desta vez, como ministro. E, no domingo, a música invade o festival literário com as presenças de Chico César, Gabriel o Pensador e Nei Lopes, mostrando que música e literatura andam assim ó!

Einstein (quem diria?) também veio pro Rio. E dará as caras no CCBB em um seminário que comemora os Cem Anos de Relatividade (quarta e quinta-feira, às 18:30h. Grátis.); e na Casa de Ciência da UFRJ, estará no ciclo de palestras para leigos sobre a sua vida e suas teorias (terça-feira, às 18:30h).

Para quem curte moda, hoje, amanhã e domingo, o Fashion Mall abre suas portas para editores de moda que anteciparão as tendências das coleções primavera-verão e darão dicas de como se vestir adequadamente. Desfiles serão intercalados por pocket-shows com Tony Garrido (hummm).

Neste e no próximo final de semana, também acontece o II Festival Latino-Americano de Música Instrumental, no qual artistas de sete países (Argentina, Bolívia, Cuba, Peru, Uruguai, Venezuela e Brasil) se apresentam de graça em 22 apresentações, sendo oito no teatro do SESC Tijuca e quatorze nos jardins do Museu da República, no Catete. http://www.festivallatino.com.br/home.html

E vem mais por aí!!!! O mês de outubro traz para o MAM o Tim Festival (http://www.timfestival.com.br/), com atrações de primeira grandeza como Mundo Livre S.A., De La Soul, Morcheeba, SpokFrevo Orquestra,Television e Elvis Costello.

O mês de novembro, por sua vez, trará o imperdível Claro que é Rock (http://www.claro.com.br/hotsites/claroqerock/hotsite.html). A versão carioca será realizada na Cidade do Rock, só pra ter uma idéia do porte do evento. A promessa de 12 horas de show não é nem um pouco desanimadora quando se tem como atrações, até agora confirmadas, Sonic Youth, Nine Inch Nails, Suicidal Tendencies, The Flaming Lips, Iggy Pop & Stooges e Nação Zumbi.

Preparem os bolsos e o fôlego para tanto show bom.
E vamos todos acender uma vela para os santos padroeiros da Petrobrás, do Sesc/Rio e das cias. de telefonia móvel que estão juntando esse bando de gente boa e trazendo para o Rio. Vida longa e próspera para quem patrocina cultura na terra do Severino, do Jefferson, do Maluf, do Luis Inácio...

APOSTAS PRO FINAL DE SEMANA

• Entra hoje em cartaz peça do genial Marcelo Tas: "A história do Brasil segundo Ernesto Varela"
Centro Cultural Telemar, sexta a domingo, 19:30h. R$ 10

• KAMI: exposição de origamis, no Centro Cultural e Informativo do Consulado Geral do Japão (Av. Presidente Wilson 231, 15º andar). Segunda a sexta, das 9h às 12h e das 14:30h às 17h. Até 6 de outubro. Grátis.

• EDUCAÇÃO, OLHA!: exposição de desenhos de 64 artistas contemporâneos, jovens, novos e consagrados. Na lateral da casa, um painel será inaugurado. Este painel a cada 4 meses será o espaço de criação para um jovem artista. Sobrado A Gentil Carioca. Horários na programação acima. A exposição fica em cartaz até 15 de outubro. Grátis.

• NAVEGAR É PRECISO é o tema escolhido pelo Museu Internacional de Arte Naif (R.Cosme Velho 561) que apresentará 110 obras do gênero, enfocando o uso da água na navegação, esporte, lazer e na cultura. Até março de 2006. Grátis.

• CASA COR: design, boas idéias e roupas diferentes para a casa. Este ano na R. do Catete 194. Das 12h às 21h. R$ 20 (estudantes e idosos pagam meia!!)

24/09, sábado
• O Nokia Trends leva aos Armazéns 5 e 6 o imperdível ASIAN DUB FOUNDATION e Money Mark entre outras atrações e um telão que mostrará, simultanemente, os shows de São Paulo que terá INSTITUTO e o onipresente BNEGÃO. R$ 90

28/09, quarta-feira
• MUNDO LIVRE S.A., teatro Rival – Projeto Trama Universitário.


FESTIVAL DO RIO – Sugestões

1) Habana Blues, de Benito Zambrano – Música cubana! (Cub)
2) Iberia, de Carlos Saura – Música e dança flamenca. (Esp)
3) Manderlay, com Danny Glover, de Lars Von Trier – Racismo e opressão aos negros americanos. (EUA)
4) La Moustache (O bigode), de Emmanuel Carrere – Afinal, ele tinha ou não um bigode? (Fra)
5) Soy Cuba, de Enrique Pineda – Documentário sobre a revolução comunista. (Cub)
6) The Constant Gardener (O Jardineiro Fiel), de Fernando Meirelles – Além da direção, o filme é uma adaptação do filme de John Le Carré. (Reino Unido+Quênia+Alemanha)
7) La Dignidad de los Nadies (A Dignidade dos Ninguéns), de Fernando Solanas – Um dia a casa cai... (Arg)
8) Onde (Ondas), de Francesco Fei – O amor entre um cego e uma mulher complexada. (Ita)
9) Last Days, de GUS VAN SANT – Inspirado em Kurt Cobain. (EUA)
10) Nenhuma canção de amor (Lars Kraume) – Rock and Roll. (Ale)
11) KordaVision, de Hector Cruz Sandoval – Fotografia cubana de Alberto Dias Korda (Cuba+EUA+México)
12) Weltverbesserungsmassnahmen (Medidas para Melhorar o Mundo), de Jakob Hufner (Ale)
13) All the Invisible Children, de Katia Lund – Crianças pobres não existem só no Brasil! (Ita)
14) Mrs. Henderson Presents, de Stephen Frears. (Ing)
15) Crossing the Bridge: The Sound of Istanbul, de Klaus Maeck – Música!!! (Alemanha)
16) Marock, de Laila Marrakeshi – Juventude e cultura marroquina. Tomara que tenha música!!! (França+Marrocos)
17) Olhar Estrangeiro, de Lucia Murat – Como franceses, suecos e norte-americanos nos vêem. (BRA)
18) Reinas, de Marisa Paredes – Casamentos gays, mães chorosas e muita confusão. (Esp)
19) Die Glücklichsten Menschen der Welt (As Pessoas mais felizes do Mundo) – Dizem que estão na Índia. Será? (Ale)
20) Shaking Hands with the devil (Apertando a Mão do Diabo), de Peter Raymont
21) Crime delicado, de Beto Brant. O diretor justifica a aposta. (Bra)
22) Azarão, de Dagur Kári - Graffiti e Dinamarca. Precisa explicar mais? (Din)
23) Meu encontro com Drew Barrymore, de Brian Herzlinger - Um nerd apaixonado faz de tudo para conhecer a bela atriz. (EUA)
24) Bonecas Russas, de Cédric Klapisch, com Audrey Tautou – Xavier e seus amigos dão continuidade às travessuras de Albergue Espanhol. (França + Inglaterra)
25) Crime Perfecto, de Alex de la Iglesia – (Esp) Vendedora chantageia um colega e o transforma em seu escravo sexual... hum parece bom... ehehehehe

segunda-feira, 19 de setembro de 2005

Moby arrasa o Rio Centro com show na noite de sábado

Nem o frio e nem a chuva tiraram a animação das milhares de pessoas que foram ao longínqüo Rio Centro na noite de sábado. Marcelinho da Lua, acompanhado dos vocais de Angelo B e Mariozinho, subiu ao palco, pontualmente, às 11h da noite. Num set de meia hora, aqueceu a galera tocando de Beastie Boys a Chico Buarque.

O aquecimento foi a deixa pro DJ Patife manter o povo "no sacolejo". Abriu seu set com a singela "Diariamente" e mostrou porque é considerado um dos melhores do mundo. Acompanhado pelo vocal inglês de Cleveland Watkiss, sua versão emocionante para "Overjoy", do Stevie Wonder, fez a chuva parar e a moçada cantar junto. Também fez todo mundo chacoalhar ao som de John Coltrane e quando anunciou a última música viu o público pular como louco como se quisesse aproveitar seus últimos minutos no palco.

15 minutos depois da saída de Patife, o Rio Centro foi invadido por uma onda sonora que, de tão forte, fazia as caixas toráxicas em frente ao palco tossirem fragilizadas pela gravidade do baixo: era a vinheta que abre o último álbum de Moby, Hotel. Foi para promovê-lo que Moby veio ao Brasil, mas o show foi digno de festival: nenhum hit foi esquecido. Focou o repertório nos álbuns Play, 18 e só as melhores faixas de Hotel, as baladas ficaram de fora, provando que os bons artistas sabem exatamente o que seu público quer ouvir.

Em duas horas de show, sugou toda a energia da audiência com versões melhoradas para músicas que já eram perfeitas. "Honey" ganhou o riff de "Whole lotta love", do Led Zeppelin, e "Find my baby" e "South Side", uma roupagem bem mais rock and roll. Moby presenteou o público com uma versão "bossa nova" para "Creep", do Radiohead. "Porcelain" foi devidamente acompanhada pelo público que, aliás, cantava TODAS as músicas. A vocalista inglesa Joan levou "Why does my heart feel so bad" lindamente ora à capela ora acompanhada pela guitarra do Moby apenas, que encerrou nocauteando o público com a seqüência "Body Rock" e "Lift me up".

No bis, a banda teve a oportunidade de mostrar seus dotes individuais. O belo guitarrista Derrik Murph cantou, perfeitamente, "Break on through", mas, pelo jeito desengonçado, não deveria ter largado a guitarra. Lucy Butley, a tecladista, mandou um beat box sexy e transgrediu "Fur Elise", de Beethoven, que mais parecia uma música de cabaré. Bem engraçada! Antes do set de bateria, Moby anunciou a descendência materna carioca do baterista, e encerrou pra valer o show com "Feeling so real".

Moby é uma simpatia, conversava todo o tempo com o público. Logo no início do show, se desculpou por "ser um americano ignorante e não saber falar português" e "por ser um americano ignorante que tem George Bush como presidente". Tirou foto da multidão que o assistia, brincou com a banda, elogiou o público ("todos são tão sexy aqui", dizia enquanto tirava fotos) e a cidade. A distância que separava o Rio Centro de casa não teve a menor importância. O cansaço era grande, mas a alegria de ter assistido a um espetáculo como aquele era muito maior.

Aê, Moby: thanx thanx thanx.

sexta-feira, 16 de setembro de 2005

Banana d’água em rodízio de pizza

Ela bate a porta do carro. O tailleur cinza ainda está impecável às 22:45h da noite. Mesmo depois de um exaustivo dia na companhia. Muitas reuniões e decisões. Solta os longos cabelos loiros e tira os sapatos de saltos finíssimos que realçam ainda mais os 60 quilos distribuídos por seus quase 1,80m.


É assim que o mundo vende a imagem da mulher do século XXI. Impecável, alta, loira e em cima do salto. Executiva de uma multinacional.

Porém, não há multinacionais em número suficiente para a quantidade de mulheres no mercado de trabalho. Além disso, nossa raça de nanicos, só há poucos anos, têm conseguido vencer a subnutrição e exportar top models, em sua maioria, muito mais parecidas com as européias do que com o padrão do mulherio brasileiro.

Na vida real, a mulher (quando tem uma porta de carro para bater) entra em casa, depois de uma longa jornada, e se depara com os filhos muitas vezes já dormindo. Ela compra presentes para eles a fim de se sentir menos culpada por ter que abandoná-los todos os dias, mesmo sabendo que todo o esforço é por eles.

Já não consegue mais ser tão vaidosa. Sapato alto só para dia de festa. E, se consegue a proeza de medir mais de 1,75m, tendo apenas os 60 quilos citados acima, com certeza, fecha a porta do banheiro e enfia o dedo na goela para se livrar dos excessos cometidos no churrasco do final de semana. Porque ela tem que ser magra, alta, loira, como a moça da propaganda.

Em um mundo globalizado, em que não sabemos mais se devemos preservar nossas raízes ou misturar o que há de bom nas diversas culturas as quais passamos a ter acesso, não é de se admirar que não saibamos mais quem somos ou o que queremos ser.

“Um homem que não tem pensamentos individuais é um homem que não pensa.” - Oscar Wilde

Se ontem o “cabeça feita” era aquele que tinha e formava sua própria opinião, hoje surge a figura do criador de tendências como criador de identidades, expostas em verdadeiros supermercados de estilos e atitudes, prontos para o consumo.

A Mídia disfarçada de Moda é quem dita as regras não só para o que vestir, mas que máscara usar. Grifes, marcas e estilos fabricados chamam para si a (ir)responsabilidade de traduzir a identidade e a linguagem das pessoas. Nesse samba do crioulo doido, estilistas, modelos e celebridades passaram a ser cultuados e transformados em referências de comportamento e consumo e até o alternativo virou um estilo.

Assim, a roupa, que servia como uma ferramenta para as pessoas se cobrirem e protegerem do meio ambiente – e só para os mais estilosos, um veículo para exporem suas idéias e suas personalidades –, virou um crachá que identifica sua tribo, classe social, seu ídolo ou ideologia; ou peça de uma engrenagem que trabalha dia e noite para a banalização de conceitos, que nem se restringem mais aos padrões de beleza, mas também ao comportamento e, principalmente, à posição do indivíduo na sociedade. Afinal, segundo BERNARDO JABLONSKI (Doutor em Psicologia Social/ FGV): “Queremos ser iguais, mas com fama de diferentes. E queremos ser diferentes, mas com ar de que somos iguais (nem melhores, nem piores) a todos os outros.”

O lado mais triste da história vem à tona quando a mídia consegue vender uma imagem idealizada e impossível de ser alcançada. Exibir adolescentes divulgando coleções para mulheres adultas, além de cruel, tem gerado dois problemas de saúde pública em vários países: a obsessão pela magreza e, em contrapartida, a caracterização da obesidade como uma epidemia.

E como não se poderia deixar de lucrar com isso, nunca foi tão grande a oferta de produtos industrializados altamente calóricos, considerados “engordativos”, ao mesmo tempo em que se fortalece uma verdadeira indústria do emagrecimento.

“Emagrecer virou moda. Uma moda que se impôs com tal vigor que até as pessoas magras – sentindo-se por fora – estão tratando de engordar para poderem fazer também sua dietazinha.” – Carlos Eduardo Novaes

Na total inversão de valores que testemunhamos todos os dias, notamos que não é mais a roupa que serve o corpo e, sim, o corpo é que se adapta à roupa.

O escritor CARLOS EDUARDO NOVAES, presenciou o surgimento de uma verdadeira literatura especializada em emagrecimento e comenta com bom humor: “Coma e emagreça, Emagreça sem comer, Calorias não engordam, Proteínas não engordam, Dieta e bem estar, numa sucessão interminável de fórmulas mágicas que já nos permitem esperar para qualquer momento algum livro chamado Emagreça sem perder peso.”

Em sua crônica A fome no prato fundo, o próprio autor ensina a sua formulazinha de emagrecimento: “A maneira mais adequada de queimar calorias é botá-las no fogo. Pegue um bife de panela que tem 175 calorias (sem a panela, é claro), 50 gramas de mortadela (170 calorias), uma Coca-cola (140 calorias) e de sobremesa um abacate médio (185 calorias). Junte tudo e leve ao fogo. Você terá queimado exatamente 720 calorias.”

Mas, no vale tudo para perder os indesejados excessos, a melhor receita de todas (e que já virou uma lenda entre um seleto grupo de ex-alunos do Cefet!!!) é a dieta da banana d’água em rodízio de pizza. Reza a tal lenda que a melhor maneira de desgastar vários pedaços de pizza ingeridos (e mal digeridos) é mandar pra dentro uma banana d’água – se possível inteira. Dizem os já iniciados que é tiro e queda.

E, para evitar que até essa coluna acabe em pizza (depois de ter começado de maneira tão séria), dou a palavra a Gerald Thomas, que a exemplo de Fred 04 (líder da banda Mundo Livre S.A.), também tem tentado entender as mulheres:

“Homem é uma bomba d’água que quer gozar. Se você fizer um buraco numa árvore, ele mete o pau e pronto. Na cabeça do homem, a mulher tem que ter aquele salto alto, tem que ser linda. Isso criou uma anomalia no mundo e as mulheres aderiram a essa loucura. Por isso os salões de beleza, cabelo, sapatos, peles, corpos esculpidos. Pra que isso? Pra satisfazer o homem?”*


Trilha sonora sugerida:
• "Tentando entender as mulheres" – Mundo Livre S.A.
• "Woman is the nigger of the world" – John Lennon
• "End of a century" - Blur

Leitura sugerida:
• *Entrevista concedida à revista TPM de julho/ 2005
• Livro O caos nosso de cada dia, de Carlos Eduardo Novaes/ Editora Nórdica.
Livro de Aforismos de Oscar Wilde. Tradução de M. Fondelli/ Clássicos Econômicos Newton.
• Livro Diário de um magro, Mario Prata/ Editora Globo.

Agradecimentos: Leandro Costa e Du Carmo Vido