terça-feira, 23 de agosto de 2005

Tá difícil de acompanhar

Cachorro Grande, Franz Ferdinand, Mombojó, Bloc Party, Retrofoguetes, Mars Volta, The Kills, Kaiser Chiefs, Cansei de ser Sexy, The Rakes, F.U.R.T.O.…

Quando se é adolescente e pode-se desfrutar de bastante espaço livre na memória encefálica, toda novidade que vier é lucro. Mas “o tempo passa, o tempo voa” e a vida vai ficando cada vez mais rápida. Os momentos “íntimos” que tínhamos com nossos artistas favoritos, aqueles em que ouvíamos os cds recém-lançados, acompanhando as letras pelos encartes, acabaram. Saber o nome de cada integrante da banda é privilégio somente para os artistas guardados do lado esquerdo do peito. Mesmo assim, o olhar de desdém, direcionado àqueles que sabem detalhes dispensáveis como idade do baterista, dia do aniversário do baixista ou a frase estampada na camisa do vocalista no show de três semanas atrás, é inevitável.

Num mundo de contas a pagar, pontos a bater, relógios a despertar e currículos para entregar não há mais lugar para detalhes sórdidos. O máximo que se consegue é ouvir o último lançamento 3 ou 4 meses (em alguns casos, anos) depois de chegar às lojas mais populares, mesmo assim, durante a faxina de sábado, ou com o fone de ouvido, dividindo a atenção com o ofício que vai pagar a conta do tal CD quando fechar a fatura do cartão de crédito no começo do mês seguinte.

Quando eu era adolescente e podia desfrutar de espaço e de tempo livres para alimentar a memória com o que eu mais gosto no mundo – música –, não tinha muito dinheiro para comprar os cds que queria, mas podia assistir aos shows por preços baratinhos e sem um juiz de menores para me tirar de lá de dentro. Era fácil, bastava ir para a escola a pé (na época, estudantes não tinham gratuidade em ônibus e nem por isso deixávamos de ir à escola!) ou sacrificar a cantina. Hoje, mesmo trabalhando, não sobram espaço, tempo e muito menos grana para fazer o que eu sonhava na adolescência: comprar todos os discos bacanas, ir a todos os shows maneiros. Não dá para ir trabalhar a pé. Os discos são caríssimos. Os ingressos dos shows estão pela hora da morte.

Foi-se o tempo em que festivais de cigarros traziam os destaques internacionais e o público carioca podia tirar onda por pagar um ingresso e levar dois. Foi-se o tempo em que as casas com ar condicionado tinham peito de trazer artistas de peso como Ramones, Body Count ou Beastie Boys.
Foi-se o tempo em que achávamos os melhores discos, das melhores bandas, pelos melhores preços nos ambulantes da 13 de maio/ Pedro Lessa.

Hoje, tudo está estilizado, padronizado, globalizado. Por toda parte, os cds e os shows são caros e pouco ameaçadores. Quem se recusou a aderir à massificação dos gostos e do consumo está perdido no meio de tanta pompa e “novidade”. Sem entender o motivo para se chamar tantas bandas de “novas” e tanta sofisticação (leia-se preços altos) da indústria que empurra artistas em atacado dia após dia na tela da sua (M)TV.

Desligo a TV, atordoada. Em busca de novidades realmente novas, compro uma revista que vem com um cd. Dentro dela, entre uma discussão e outra, lê-se que o público é preguiçoso e não busca ou incentiva os “novos” artistas. Esse público sou eu! Fecho a revista. Levanto e vou ouvir Jimi Hendrix. Quem precisa desses “novos” artistas?


TERÇA-FEIRA, 23/08
• Os gaúchos THE DARMA LOVERS voltam ao Rio para um show na Casa da Gávea, às 21:30h, por R$ 15.

SEXTA-FEIRA, 26/08
• Hip hop, no Circo Voador.
• CLUB LONDON BURNING, a melhor discotecagem de Rock da cidade nas mãos do DJ Wilson Power. R$ 5 até meia-noite.
• PLANO B, apresenta: ROB CHESTER (ex-Guana Batz, ex-Ulcers, ex-Chester, ex-etc.), com um som pop-punk-chaos solo show, direto de Londres, a partir das 19h. Cervejinhas R$1,99. Entrada franca. (R. Francisco Muratori 2a, Lapa /esquina com R. do Riachuelo) tel.: (21) 3852-1431
• Toda sexta, no Pátio Lounge (Pç. Santos Dummond 31), festa house e techno, HOTEL CALIFORNIA, a partir das 23h. Mulheres pagam R$ 15 e homens R$ 25.

SÁBADO, 27/08
• Festival CIRCULANDO – Circo Voador cede o palco aos ainda fora do circuitão: Dead Fish (ES), Cachorro Grande (RS), Luxúria (SP) e Os Outros (RJ). R$ 24.

16/09 PATO FU!!!!!!!!!! (no Circo Voador)
17/09 MOBY (no Rio Centro) – ingressos à venda na Fnac e alguns postos Ipiranga (ver em: http://www.ticketmaster.com.br/shwReleaseDetail.cfm?releaseID=440) O mais barato sai a R$ 100, mas são aceitas carteiras de estudante.


NANETE:
• O que há de novo no Rock brasileiro? Veja na matéria da MTV sobre os festivais de som indie que rolam no nordeste: http://www2.mtv.terra.com.br/clube/colunas_n/colunas.gen2.php?txtid=765&x=mtvcolunas

• Graffiti e sofisticação andam de mãos dadas quando se fala nos traços de Speto. Arte gráfica de primeiríssima qualidade. Vejam com seus próprios olhos a inteligência e a variedade das obras desse artista de São Paulo.
http://www.speto.com.br

• Já está disponível na íntegra, na Rádio Terra o novo cd do F.U.R.T.O.
http://200.154.150.26/ (endereço clandestino!)

• Marcelo D2 também liberou todos os seus discos pra quem quiser ouvir.
http://www2.uol.com.br/marcelod2/

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