sábado, 25 de outubro de 2008

Olho no lanceeee!

Da penúltima vez em que fora a uma partida de futebol, estava acompanhada de um colega de trabalho. No intervalo do jogo, meu colega, que ocupava o assento ao meu lado, se levantou e ficou de costas para o campo admirando a arquibancada acima de nós. Como não se tratava de um colega gay (creio eu!), imaginei que estivesse olhando as moças bonitas que estavam algumas fileiras acima.

Naquele instante, lembrei imediatamente dos shows em que ia com meu irmão e dos olhares que ele lançava para (todas) as moças bonitas que passavam. Pensava comigo, tomara que meu parentesco com ele seja óbvio! E torcia para que eu não me parecesse com aquelas mulheres que andam de mãos dadas com o “parceiro” pelas ruas do centro da cidade e não percebem (será?) que o acompanhante está olhando para outra mulher. E pior, a outra mulher nota que está sendo secada pelo “companheiro” alheio. O que será que elas pensam umas das outras?

Pulando da digressão de volta para o estádio, não pude torcer para que o grau de parentesco parecesse óbvio, porque não havia grau de parentesco com o colega de trabalho. A decisão mais sensata que pude tomar na hora foi aproveitar a vantagem de ser uma mulher num jogo de futebol e admirar as belas paisagens que desfilavam ao meu redor: os torcedores. Raramente se pode contar com tantas opções para admirar no dia-a-dia. Em um estádio em dia de jogo, estão todos ali aglutinados, a nata, exercendo a sua virilidade e “graça” para as poucas corajosas que se atrevem a invadir um espaço tradicionalmente masculino.

Pois bem! Recentemente, uma série de desencontros me levou ao mesmo estádio, mas desta vez, pasmem, sozinha. Isso mesmo! Queria muito ver aquele jogo e os machos disponíveis foram sem mim. Saí de casa, fui até a bilheteria do estádio, comprei o ingresso, entrei, sentei, torci, ri, gritei, aplaudi e fui embora. Toda essa diversão, sem me preocupar em torcer para que o parentesco parecesse óbvio. Hilário foi observar o ar de interrogação de alguns com a presença de uma torcedora apaixonada como eles, porém solitária. E descobri que não há mais tabus. Não há lugar em que minhas pernas não possam me levar.

Um dia desses, aquele mesmo colega de trabalho me mandou um e-mail com fotos do David Beckham secando as cheerleaders num jogo ao lado da sua bela esposa Spice Girl. Nas fotos, ela estava uma fera. O título do e-mail era “Até Beckham passa por isso”, mas acho que o título certo deveria ser “Até uma bela Spice Girl passa por isso”! rs

Trilha sonora sugerida:
Chico Buarque - "O futebol"


Foto de Sara Simões - Estádio João Havelange, o "Engenhão".

6 comentários:

Alcivia disse...

Seur,
Com certeza o título do e-mail foi "equivocado", mas também é certo que o machismo deles não permitiria que percebecem o quanto a foto é reveladora para nós, e de certa forma, até consoladora. Pois achamos que isto acontece conosco por nos termos deixado levar pelo cansaço do dia-a-dia, pela angústia que nos causa a figura que vemos no espelho após alguns anos de vida e algumas deformidades no corpo causadas por gravidez e gravidade. Mas se uma linda Spice Girl passa por isso, que dirá nós pobres, comuns e anônimas mortais.
Força é o que precisamos para não desistir de nós mesmas!!!!!!!!
Bjs
Silvinha

marco homobono disse...

sara, minha blogueira preferida!
olha, o seu texto me trouxe à tona um problema meu que já foi denunciado por duas namoradas minhas: que quando eu saio na rua, eu fico olhando para as outras mulheres. esse problema acontece até quando uma das namoradas tem 1,60 de altura. e eu tenho 1,85.
o que é que eu posso fazer, sara, para resolver esse problema???
ou como eu faço para elas não perceberem que eu estou espiando outras pessoas???
por favor, me ajude!
um beijo.

Robertobaz disse...

Já que ninguém falou de futebol, vai aqui a minha sugestão pra trilha sonora da crônica:

A Mais Bonita
Chico Buarque

Composição: Chico Buarque

Não, solidão, hoje não quero me retocar
Nesse salão de tristeza onde as outras penteiam mágoas
Deixo que as águas invadam meu rosto
Gosto de me ver chorar
Finjo que estão me vendo
Eu preciso me mostrar

Bonita
Pra que os olhos do meu bem
Não olhem mais ninguém
Quando eu me revelar
Da forma mais bonita
Pra saber como levar todos
Os desejos que ele tem
Ao me ver passar
Bonita
Hoje eu arrasei
Na casa de espelhos
Espalho os meus rostos
E finjo que finjo que finjo
Que não sei

Unknown disse...

Neste momento em que escrevo ( mais de 1 hora da matina), já meio trocando as bolas (não as de futebol), é importante que as pessoas possam contemplar detalhadamente todos os elementos presentes na natureza e na alma das pessoas.No que tange ao espetáculo de futebol em qualquer estádio, para quem nunca teve a oportunidade de ir, verifica-se múltiplos comportamentos, desde algumas figuras alegres, outras indiferentes, além daqueles que teimam seguir a contra-ordem (baderneiros). Portanto, você têm um cardápio à seus olhos.
Só lamento que ao final de um jogo de futebol feminino,não se tem a troca de gentilezas entre as atletas com a tradicional troca de camisas, atitude tão comum entre os atletas homens.Será que as mulheres não têm peito pra isso ?

Sara Simões disse...

hahahahahahahahahaha

deus nos livre! seria a visão do inferno!!!!

Flávia Guilherme disse...

Tenho medo de parecer boba às vezes também. E não acho normal...nem a spice merecia passar por isso...rsrs