sexta-feira, 9 de dezembro de 2005

Estão invadindo a praia

Foi-se o tempo em que, para ver um espécime de outro país no Rio de Janeiro, tínhamos que ir visitar as quitandas, botequins e padarias do subúrbio ou os pontos turísticos e a orla da zona sul da cidade. Hoje, além de haver muito mais estrangeiros “disponíveis” nos calçadões de Copa e Ipa, a cidade está vendo a invasão de uma sorte de gringos das mais variadas e surpreendentes nacionalidades.

Duvida? Ainda não tinha se dado conta? Coreanos e chineses já dominam o ramo de pastelarias e bazares 1,99 do SAARA e do subúrbio. Algumas dessas lojinhas, à primeira vista, parecem o mais legítimo mercado de pulgas nacional. Com um pouco mais de atenção, notam-se mercadorias, em sua maioria esmagadora “importada”, e no fundo do balcão – no caixa, para ser mais precisa –, um par de olhos puxados e vários fios de cabelo escorrido controlando tudo o que sai da loja e conferindo item por item do que as meninas brasileiras, normalmente faveladas, normalmente nordestinas, anotaram nos recibos. Será que desconfiam de algo? Mas não são eles os estrangeiros? Não devíamos ser nós os desconfiados?

E por aí vão, descobrindo e explorando nichos que o povo de casa não soube ou não pôde aproveitar. No trânsito, também começam a aparecer as primeiras vans dirigidas pela tribo amarela que mal consegue se comunicar com os passageiros, mas faz bom uso do dinheiro da passagem. Certamente, não vão gastar com cerveja no bar da esquina. Vão economizar para comprar outra van e, em pouco tempo, estarão com uma frota inteira, concorrendo com os maus prestadores de serviço nacionais.

Em cima dos morros, um povo ainda mais escuro que o nosso está aterrissando e botando banca. Medo de briga eles não têm. Vêm de um país de gente muito mais estourada que a nossa. Lá o bicho pega de verdade. Aqui, de vez em quando, vemos uma ou outra notícia nos jornais sobre angolanos presos na alfândega tentando levar ou trazer drogas de um país para outros. Eles já estão aqui, alguns “bem” instalados, com a vantagem de contar com a cordialidade de um dos povos mais solidários do mundo, o carioca.

E, tomando caldo nesse mar de migrantes nacionais e estrangeiros, a cidade vai sendo repartida e recosturada, para o (nosso) bem e para o mal. Diante da Babilônia em que estamos nos transformando, debaixo dos nossos próprios narizes, com muita vaselina para não machucar, parece bobagem reclamar dos empresários gringos (de Iggy Pop e Nine Inch Nails) que impuseram seus shows em detrimento dos shows nacionais, mais uma vez, contando com o mau serviço nacional prestado em fatídico e já citado festival de rock.

Vale dizer que a idéia aqui não é pregar a xenofobia. Turistas são muito bem-vindos (ainda que não tenhamos de fato condições de recebê-los), mas, convenhamos, a atitude submissa com a qual temos nos portado nestes 500 e tantos anos é inadmissível. Se não aprendermos a nos proteger agora, vai ser difícil, mais tarde, identificar quem veio para gerar divisas e quem veio perpetuar nosso estigma de colônia de exploração. Então, neste Natal, valorize o produto nacional. Se o consumo é inevitável, vamos lá!

Opções: artesanatos, marcas brasileiras (vendidas por brasileiros), obras de artistas e escritores brasileiros, já!

Dicas:
*Moda em Bazar – Peças (roupas e acessórios) exclusivas criadas por alunos e docentes dos cursos de moda do Senac Rio. 10 e 11 de dezembro, das 14h às 20h, no Centro de Tecnologia em Moda (R. João Lyra, 154 – Leblon)
*Feira Rio Antigo – edição extra: exposição ao ar livre de móveis antigos, cristais, objetos de arte, raridades, bijuterias (c/ a melhor barraca da cidade, comandada por Bianca e Jaqueline), antigüidades em geral e show do grupo de ritmos genuinamente brasileiros, o Bossa do Samba, às 14h. A feira acontece na Rua do Lavradio, sábado (10 dez.), das 10h às 20h.
*Bazar Noir – Feira de roupas, acessórios e arte de inspiração neogótica, com djs pra incrementar. No Casarão Cultural dos Arcos (R. Mem de Sá, 23). Domingo (11 dez.), das 16h às 22h. R$ 4.
* Mercado Odeon – Moda, CDs, DVDs, livros e cineminha. Cinelândia, sábado (10 dez.), a partir das 11h. *Mistureba – Moda: 30 marcas novas, DJs e shows. Teatro Odisséia. Domingo (18 dez.)
*Feira hippie de Ipanema – A melhor de todas! Todo os domingos na Praça General Osório.

PROGRAMAÇÃO
10/12 – Sábado
• Natiruts, com abertura da boa Canamaré, Fundição Progresso, R$ 30 (estudantes, idosos e demais portadores do direito à meia entrada ou com 1k de alimento ou flyer a ser entregue na hora do show pagam 1/2) + R$ 10 para levar o cd do Natiruts e + R$ 5 para levar o cd do Canamaré
• F.U.R.T.O. – Yuka e cia. se apresentam no Rival. R$ 25

11/12 – Domingo
• Último dia para ver Marcelo Tas no Centro Cultural da Telemar, com a excelente Como chegamos aqui - a história do Brasil segundo Ernesto Varella.

Dia 16/12, tem Turbo Trio, INSTITUTO e Guru, no Circo Voador. (Finalmente!!!!)

Nação News: Quem lamentou não ter visto o show da Nação Zumbi no tal festival vai ter uma compensação. A banda se apresentará no Circo Voador em janeiro e quem levar o ingresso do festival, ganhará brindes!
E continua a promoção!!! As primeiras (e surpreendentes) respostas já estão chegando. Não deixem de participar. AGORA É COM VOCÊS!!!

• Você já foi a algum dos eventos indicados pela coluna? Quais?
• Das dicas lidas na Findi no Rio, qual foi a melhor?
• E a pior?
• A qual gostaria de ter ido e não foi?
• Qual foi o melhor cd nacional lançado este ano?
• Qual foi o melhor cd internacional lançado este ano?
• Qual foi o melhor show de artista nacional do ano?
• Qual foi o melhor show de artista estrangeiro do ano?
• Qual foi o melhor filme que você viu no cinema este ano?
• Mande um comentário para registro na coluna!!!!

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